Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux. Os dois nomes te dizem algo? Não? No último sábado, o primeiro sagrou-se campeão mundial dos médios-ligeiros pela Associação Mundial de Boxe, em Nova York, enquanto o segundo manteve os cinturões da mesma entidade e da Organização Mundial de Boxe nos supergalos, em Nova Jersey. Seriam só mais dois pugilistas campeões, não tratasse da dupla de cubanos devolvidos, em 2007, pelo governo brasileiro, à ditadura dos irmãos Castro, da qual eles tentavam fugir durante os Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro.
“Praticamente imploraram” para voltar a Cuba, disse Tarso Genro, então ministro da Justiça de Lula, enquanto os dois eram isolados à espera do avião venezuelano cedido por Hugo Chávez que os levou para Havana, após serem encontrados pela Polícia Federal.
“Fomos proibidos de conversar com jornalistas ou advogados”, revelou Lara, em 2009, quando ele e Rigondeuax conseguiram finalmente fugir e se refugiar nos EUA– que, ao contrário do Brasil, não os devolveram à ditadura.
Livres, contaram os fatos escondidos dois anos antes. Lara disse ao Estadão se sentir “muito feliz” por ter fugido da ilha, onde fora afastado das lutas, enquanto Rigondeaux – bicampeão olímpico em 2000 e 2004 – era proibido de representar o país em competições, ao contrário da promessa de perdão, caso retornassem.
A matéria do Estadão ainda detalha a forma desesperada como Erislandy fugiu, a exemplo da maioria dos cubanos refugiados e ao contrário de quem – como alegara o ministro – queria voltar para Cuba:
Os dois tiveram de esperar mais dois anos para conseguir se reunir de novo fora de Havana. O primeiro a deixar Cuba foi Lara. O pugilista contou que usou uma lancha em uma praia afastada em Cuba no meio da noite e conseguiu chegar ao México. Rigondeaux também usou o México como plataforma para depois atingir Miami, no último domingo. Os dois pugilistas foram ajudados e incentivados a sair do país pela empresa alemã Arena Box Promotions, acusada por Havana de estar "roubando" seus atletas com promessas de dinheiro fácil.
Detalhe ainda que o maior desejo deles era de tirar a família de lá: Seu sonho, assim como o de Rigondeaux, é conseguir tirar a família de Havana. "Estou estudando como fazer isso. Tenho certeza de que conseguiremos."
A fuga dos cubanos derrubou a versão oficial de quem compactuou com ditadores ideologicamente simpáticos. O sucesso da dupla é um nocaute na conversa fiada de Tarso Genro.
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