Errei na última coluna. Esqueci-me da volta e, logo, de que o acréscimo mensal com o aumento da passagem no Rio é de R$ 8,80 – só 280 vezes o preço do smartphone usado por um militante para registrar a passeata da semana passada em São Paulo.
Depois que se expôs o descompasso entre o reajuste e os demais custos encarados por seus combatentes, como a fiança de R$ 3 mil dos que foram presos por depredação, o movimento usou cartazes dizendo que “não é por R$ 0,20”, o óbvio ululante que qualquer um já sabia – e valia uma ironia. Em seu lugar, entrou o velho “contra isso tudo que está aí”.
Dos centavos à passagem “de graça” pregada pelos indutores dos atos, tudo é conversa para boi dormir. O preço descontado será embutido em impostos, que todos pagam, a menos que governantes abram mão de arrecadação – o que nunca fez parte da história deste país. Pedir transporte público de qualidade é como pedir educação pública de qualidade: até hoje só serviu ao ego de seus defensores. No site http://mises.org.br, dois artigos sobre o assunto defendem livre concorrência e prestação de transporte, em vez da regulação estatal. Pode parecer radical, mas vale lembrar que a privatização, mesmo sob concessão do Estado dos trens na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 1998, levou os passageiros de Japeri, na Baixada Fluminense, a preferirem os trens, mais baratos, e causou o fim da linha de ônibus que ligava a cidade à capital, a 70 km.
Arnaldo Jabor também disse que errou, ao criticar o movimento, mas se arrependeu ao ver a violência policial. Como disse uma amiga, ele só quer é ser amado, mas desconfio que não será. Como não escrevo para agradar ninguém, fico pensando: desde quando uma reação violenta da PM justificaria atos cometidos antes dela?
Também é curiosa a ingenuidade de achar tudo lindo e que atos violentos – que já haviam sido cometidos – foram ponto fora da curva de um movimento totalmente pacífico. Em dois dias, São Paulo e Rio tiveram sedes de Governos e Legislativo sob alvo de invasões. Em SP, um ônibus foi tomado, com o motorista agredido. No Rio, um PM escapou por pouco de ser linchado.
O sempre atento Janer Cristaldo lembrou que revoltas recentes em Madri e Nova York não deram em nenhuma melhoria. Seguida à risca a ideologia socialista de quem iniciou os atos, pior: a história nos ensina sobre ditaduras que, aí sim, proibiam qualquer manifesto contrário.
(Publicada em 19/06/2013 no jornal Destak)