quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Nocaute em Tarso Genro

Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux. Os dois nomes te dizem algo? Não? No último sábado, o primeiro sagrou-se campeão mundial dos médios-ligeiros pela Associação Mundial de Boxe, em Nova York, enquanto o segundo manteve os cinturões da mesma entidade e da Organização Mundial de Boxe nos supergalos, em Nova Jersey. Seriam só mais dois pugilistas campeões, não tratasse da dupla de cubanos devolvidos, em 2007, pelo governo brasileiro, à ditadura dos irmãos Castro, da qual eles tentavam fugir durante os Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro.

“Praticamente imploraram” para voltar a Cuba, disse Tarso Genro, então ministro da Justiça de Lula, enquanto os dois eram isolados à espera do avião venezuelano cedido por Hugo Chávez que os levou para Havana, após serem encontrados pela Polícia Federal.

“Fomos proibidos de conversar com jornalistas ou advogados”, revelou Lara, em 2009, quando ele e Rigondeuax conseguiram finalmente fugir e se refugiar nos EUA– que, ao contrário do Brasil, não os devolveram à ditadura.

Livres, contaram os fatos escondidos dois anos antes. Lara disse ao Estadão se sentir “muito feliz” por ter fugido da ilha, onde fora afastado das lutas, enquanto Rigondeaux – bicampeão olímpico em 2000 e 2004 – era proibido de representar o país em competições, ao contrário da promessa de perdão, caso retornassem.

A matéria do Estadão ainda detalha a forma desesperada como Erislandy fugiu, a exemplo da maioria dos cubanos refugiados e ao contrário de quem – como alegara o ministro – queria voltar para Cuba:

Os dois tiveram de esperar mais dois anos para conseguir se reunir de novo fora de Havana. O primeiro a deixar Cuba foi Lara. O pugilista contou que usou uma lancha em uma praia afastada em Cuba no meio da noite e conseguiu chegar ao México. Rigondeaux também usou o México como plataforma para depois atingir Miami, no último domingo. Os dois pugilistas foram ajudados e incentivados a sair do país pela empresa alemã Arena Box Promotions, acusada por Havana de estar "roubando" seus atletas com promessas de dinheiro fácil.

Detalhe ainda que o maior desejo deles era de tirar a família de lá: Seu sonho, assim como o de Rigondeaux, é conseguir tirar a família de Havana. "Estou estudando como fazer isso. Tenho certeza de que conseguiremos."

A fuga dos cubanos derrubou a versão oficial de quem compactuou com ditadores ideologicamente simpáticos. O sucesso da dupla é um nocaute na conversa fiada de Tarso Genro.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Promoção do Racismo

E não é que o secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial (sic) de São Paulo Netinho de Paula, do PC do B, ganhou um concorrente à altura (não na voz irritante melosa das babas no Negritude Jr.)?

Promotor criminal de São Paulo, Christiano Jorge Santos projeta racismo nos outros e acha que deve intervir na escolha sobre quem apresenta o sorteio dos grupos da Copa do Mundo e abriu inquérito por não ter gostado do boato de Lázaro Ramos e Camila Pitanga, supostamente indicados pela TV Globo, serem preteridos por Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert.

O casal de louros já apresentou sorteios da Fifa, como o do logo da Copa de 2014 e sua escolha é normal sob qualquer avaliação que não se baseie em preconceitos, mas o promotor vê racismo na federação internacional de futebol ou na Geo Eventos, organizadora da festa, na despeito das escolhas de Alcione, Olodum e mais quatro músicos negros para os shows do evento: Vanessa da Mata, Emicida, Alexandre Pires e Margareth Menezes.

Acusar a Fifa – talvez a entidade com mais campanhas antirracistas no mundo – só faz sentido no raciocínio de quem trata músicos como escravos: “o branco fica na casa grande e, o negro, na senzala. A apresentação ficou para o apresentador de olho azul. O batuque ficou com o negro”, diz Santos.

“Afirmaram que não são racistas por causa dessas escolhas. Para mim, isso só reafirma o tom racista nessa questão”, exacerba o promotor.

Na melhor das hipóteses, seria uma dedução tão inteligente quanto a do fofoqueiro profissional Leão Lobo, que via no entusiasmo de Thiago Lacerda ao beijar Vanessa Lóes o oposto do que a imagem mostrava: seria a prova de que o ator era gay e pegava a mulher de jeito só para disfarçar.

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Se, em vez de Margareth, a Geo optasse por Claudia Leitte – não obstante a maior popularidade desta última –, o promotor poderia usar a loura para reforçar sua tese. Como as evidências são em contrário, entretanto, ele alega que 6 (seis!) atrações musicais foram escolhidas só para disfarçar o racismo. Trata os elementos não como objeto de análise para conclusão posterior, mas como escravos do triunfo da vontade de sua ideia pré-concebida.

O que é discriminatório, senão tal desprezo ao trabalho que artistas fazem com prazer?

(Acima, músicos que Santos compara a escravos. Que expressões sofridas e infelizes, não?)

Que pessoa, em plena sanidade mental, compara um palco a uma senzala? Quem que conheça um músico não sabe que viver de sua paixão, ao inverso de qualquer trabalho forçado, é o sonho de milhões? Ou os percussionistas do Olodum, por acaso, são castigados a manter o ritmo sob chicotadas? De quem, senão do promotor, vem o tom pejorativo de tratar como reles “batuque” trabalhos que incluem a orgulhosa potência vocal de uma Alcione?

Só que ele ainda vai mais fundo, ao dizer que os atores [Lázaro e Camila] representam de maneira mais adequada a composição étnica e racial do povo do Brasil, ao passo que os atores escolhidos, Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, de raça branca/caucasiana, sob tal aspecto, não.

Santos erra até dentro de seu próprio – e péssimo – critério: com 46,2% de brancos, 45% de pardo e 8% de pretos, segundo o IBGE, o Brasil tem 80% de DNA europeu. Mas é um critério que nem merece consideração. Há 80 anos, o pessoal que mandava e dizia representar os alemães dizia que as pessoas de raça judaica não representavam de maneira adequada a composição étnica e racial do povo da Alemanha. As consequências que conhecemos foram reflexo de tais ideias.

A ausência de qualquer base científica é, de longe, o menor de seus males. Exatos 50 anos após o mais célebre discurso de Martin Luther King Jr., o promotor julga quem é mais ou menos adequado conforme a cor de suas peles.

Adaptada da coluna publicada originalmente hoje, 4 de dezembro de 2013, no jornal Destak, em tamanho. Os trechos em itálico são acréscimos ao conteúdo impresso.

PS.: os lourinhhos à esquerda são o filho do casal, que, para o promotor, "não representam" o Brasil e não são "mais" adequados para apresentar o sorteio da Copa.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Violentando os números 33 1/3

O IBGE calculou o menor desemprego no país em outubro desde 2002, e os 5,2% informados acalentaram os devaneios de “único grande país com pleno emprego” tuitados por Dilma Rousseff. Tão genuína quanto um “princípio de (sic) infarto”, tal plenitude bate de frente com as medidas de Guido Mantega para reduzir os gastos com o seguro-desemprego, não encontra respaldo mais nem no pleno otimismo do Ipea de Marcelo Néri e leva a própria presidente a admitir ser “óbvio que alguma coisa não está certa”.

O recuo no discurso, porém, veio seguido de um “vamos modificar isso”, como se o velho mantra da vontade política mudasse fatos, no triunfo do desejo de Dilma. Só que, também em outubro, a taxa de pessoas ocupadas foi a menor desde 2009, quando os efeitos da “marolinha” de 2008 ainda alagavam a economia.

Como o desemprego oficial cai ao mesmo tempo em que há menos gente trabalhando? Isso ocorre porque a taxa se baseia nas procuras por emprego. Quando pessoas param de procurar trabalho, elas param de ser computadas nas estatísticas.

Nos últimos 12 meses, a população ocupada caiu em 87 mil. Os jovens, de 15 a 24 anos são 46% dos desempregados no país, e a chance de continuarem sem trabalho é três vezes maior. Em vez de cortar encargos que dobram o custo do emprego, mas são invisíveis a quem não os banca, o governo “protege” os jovens com meias entradas e o preço do ônibus que se vê na passagem, não o oculto, no subsídio que todos pagam.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Violentando os números 2 ½

Quando, há mais de um mês, critiquei a invasão da Câmara de Vereadores do Rio, leitor, de boa-fé, argumentou que “os ânimos se acirraram quando a PM espancou os professores”. Seu e-mail foi publicado e lhe respondi. Pedi-lhe foto ou vídeo, para publicar na coluna seguinte. Não mandou, mas citou um programa de TV, no qual teria visto toda a violência, o Brasil Urgente, da Bandeirantes, cujas imagens vi e, no entanto, mostram PMs fazendo uso (legal) da força para desfazer a invasão (ilegal) do plenário; nenhum espancamento, porém.

Já os espancamentos do coronel Reynaldo Rossi, em São Paulo, e de outro PM, no Rio, ainda em junho, são claros mas não despertaram nenhuma compaixão dos “artistas e intelectuais”.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo contabilizou que a polícia cometeu 77 das 102 agressões a profissionais de imprensa nos protestos – omitiu, porém, que repórteres são forçados a esconder marcas dos veículos para os quais trabalham, ou a usar helicóptero, para não acabarem como uma repórter da TV Record que, no leilão do pré-sal, foi socada pelas costas por militantes covardes - além de ver seu carro de reportagem ser incendiado pelos criminosos, sem nenhuma proteção (Quer um bom motivo para falar mal da polícia? Ei-lo).

Já o 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que, em 2012, a polícia matou 1.890 pessoas no país, com 89 policiais mortos em serviço – um para 21 mortos pela polícia, bem acima do máximo aceitável de um para 12, segundo o FBI. Omite que a maioria dos policiais é morta fora de serviço; só em São Paulo, foram ao menos 106, o que inclui a proporção no padrão do FBI. Dedico a coluna aos que gritam “corra que a polícia vem aí” para colher os dividendos políticos de fingir que ela é sempre a vilã.

PS: Na mesma "luta pela educação" (sic), o sindicato dos empregados das escolas que deu todo o apoio aos milicianos do Black Bloc juntou uma multidão para agredir uma repórter da rádio CBN porque, ali, PMs cumpriram seu dever e impediram a pancadaria em massa - contra 1 (uma, única) pessoa.

(Publicada originalmente hoje, 12 de novembro de 2013, no jornal Destak)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Violentando os números

Roberto Campos (1917-2001) já nos ensinava que “estatísticas são como o biquíni: o que revelam é interessante, mas o que ocultam é essencial”. Hoje quando a elogiar beleza de uma mulher de biquíni é equiparado a assédio sexual por feministas tão bonitas quanto inteligentes, o Brasil já voltou a passar dos 50 mil homicídios anuais, em 2012. A mesma pesquisa do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) para o 7º Anuário de Segurança Pública, porém, diz que houve mais estupros do que assassinatos no ano passado.

A pesquisa, repercutida sem nenhuma pulga atrás da orelha pelos maiores sites e jornais do país, omite mudança de lei que, em 2009, definiu como “estupro” qualquer “ato libidinoso” não consentido – conceito vago dá margem à denúncia até por um beijo roubado. Não à toa, registros de estupros mais que triplicaram desde os 15 mil de 2005. Em oito anos, o Brasil não se tornou a índia, por mais que feministas insistam em invocar uma “cultura de estupro” condenando as mais prosaicas cantadas.

Enquanto menospreza sua liderança mundial de assassinatos em números absolutos, o país confunde o foco da investigação de crime hediondo com a ampliação indevida de sua tipificação e não melhora em nada como evitá-lo – que o digam as meninas recentemente estupradas em ônibus (foram duas) e na praia do Leblon, no Rio, à luz do dia.

(Sujeito acima, após assaltar os passageiros, 'aproveitou a chance' para estuprar uma passageira, e ainda queimou o filme dos Ramones, que devem estar se revirando em suas tumbas, mas, como é dimenor, não posso mostrar a cara dele. Detalhe: a polícia só o encontrou porque a idade dela não era conhecida em princípio e, por isso, a cara dele foi mostrada)

Levada a cabo, a lei que estuprou a lógica há quatro anos, poderia custar 30 anos sem fiança a Zé Kéti (1921-1999). Não adiantaria nem alegar que “não me leve a mal, hoje é Carnaval”, antes de “beijar-te agora”. Teje preso, seu machista opressor!

Volte na próxima semana para ver mais assunto sobre violentar os números para conceber resultados.

PS: versão aumentada da coluna publicada hoje, 6 de novembro de 2013, no jornal Destak.

PS 2: se você achou estranha a foto ao lado da citação do Roberto Campos, é por que não se trata dele mesmo (há outro autor citado no texto,logo...).

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Talibãs moderados

Prêmio Internacional da Paz das Crianças, a paquistanesa Malala Yousafzai, 16, sobreviveu a tiros dos talibãs que tentaram matá-la por cometer o pecado de estudar – crime para uma menina, nas cabeças ocas da milícia totalitarista islâmica. Já o Nobel da Paz foi dado de forma errada em 2009 ao presidente americano Barack Obama, que nem havia iniciado sua gestão cuja secretária de Estado, Hillary Clinton, defendeu depois que os EUA abrissem um diálogo com “talibãs moderados” (“quadrados redondos”, em árabe).

Karl Popper (1902-1994), filósofo austríaco, já nos ensinou que “não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos”, mas não é que, logo após Guilherme Fiuza descobrir o nascimento do “Brasil Talibã”, o ministro Gilberto Carvalho afirma que o Planalto busca dialogar com os milicianos do Black Bloc?

Tivesse Carvalho a mesma capacidade cognitiva dos “artistas e ‘intelectuais’” que pedem a liberdade de “presos ‘políticos’”*, como os que (em bando contra um, como sempre) espancaram um coronel da PM em São Paulo, essa seria só uma ideia tão imbecil quanto a de Hillary. Mas o ministro petista é bem esperto e não era à toa que, em julho, passeava em meio a militantes berrando pela queda de seu suposto aliado Sérgio Cabral (PMDB) em Copacabana.

Quando ele fala pede "diálogo" com black blocs, inspira uma bondade tão grande quanto a dos talibãs pedindo a Mala que volte para o Paquistão.

*Em um vídeo, atores e militantes referiam-se aos suspeitos presos no Rio de Janeiro. Como nenhum deles veio a público explicitar que, porventura, não estenderiam o apoio aos agressores do policial, naturalmente, estendem sua manifestação de apoio às "manifestações" como um todo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Adolescentes trintões – ou quase

Nova orientação a psicólogos americanos estende o fim da adolescência dos 18 para os 25 anos. Como o Brasil adora imitar tudo (e só) o que não presta dos isteites, logo a asneira chega aqui oficialmente. Na prática, este país já tem coisa pior, como o Estatuto da Juventude, que estende para até os 29 anos o direito à meia-entrada*.

O professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent, discorda da causa econômica a que se costuma atribuir a tendência. Tendo a concordar com ele, ao menos se o suposto motivo for falta de bens ou de dinheiro. O aumento inédito do acesso a comida, eletrodomésticos etc. – culpa da liberalização econômica especialmente da Ásia – coincide com a maturação das ideias politicamente corretas plantadas por Marcuse e cia., mentores da geração professora da atual.

Pode ser só acaso, mas, na galera mais contra “o patriarcalismo, o capitalismo e tudo-isso-que-está-aí”, não falta gente que desfruta de vida em altísimo nível material com pouquíssimo mérito pessoal – graças à família e “tudo-isso” contra o que se rebela por saber que não corre nenhum risco.

Nem se trata dos tais “ritos obrigatórios”. Quem é solteiro e leva uma vida hedonista aos 40, por opção, é mais maduro que quem se casou e teve filho, ciente de que dependeriam dos pais/avós. Pode ser só acaso, mas coincide com quem hoje vive a defender a versão nacional do que Luiz Felipe Pondé já definia, há dois anos, sobre os “jovens” de Londres que “quebram tudo porque a malvada sociedade do consumo os obriga a desejar iPads”.

Publicada hoje, 16 de outubro de 2013, no jornal Destak, com o título "Jovens de 25 (ou 29) anos."

*Parágrafo-bônus: o projeto se origina de uma iniciativa da deputada federal pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila, recém-eleita presidente do PC do B, partido que domina a UNE (União Nacional dos Estudantes), da qual ela também já foi presidente. A entidade tem nas carteirinhas de estudante para meia-entrada sua principal fonte de financiamento, mas é claro que a parlamentar não quis dar uma forcinha. Também foi puro acaso.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Menos iguais que os outros

Há uma semana, disse que precisaria estudar para avaliar o Plano de Cargos e Salários oferecido pela Prefeitura do Rio aos professores e as alternativas a ele. Não era o único. O Sindicato dos Profissionais da Educação foi reprovado em matemática: sua proposta (aumento de 15% a cada nível, por tempo) levaria vencimentos de docentes para cima do teto estatal, de R$ 28 mil.

É difícil crer que um iniciante recusaria a oferta da prefeitura carioca: R$ 4.147 por 40 horas semanais. Curioso, o PSOL, que lidera oposição e apoia o Sepe no Rio, tem, em Macapá (AP), o único prefeito de capital que paga menos que o piso nacional, de R$ 1.567, aos professores municipais: só R$ 1.347.

O salário, ó... só não é menor do que os R$ 1.260 declarados pelo primeiro médico cubano ouvido a respeito. O resto da bolsa (R$ 10 mil) fica com a ditadura cubana, mas aí as manifestações foram de que eles tinham missão a cumprir, como se fossem salvar nossa saúde e sem mesquinharias salariais – resta saber, então, porque 500 deles fugiram da Venezuela aos EUA, em 2010. (Correção: na verdade, foi de 2006 a 2010).

Defender que se obrigue uns a trabalhar, entregando quase 90% do que receberia à ditadura que ainda restringe sua locomoção, e que outros deixem crianças sem aula (já há quase dois meses) por tratarem como “inaceitável” uma remuneração bem melhor, é falta de caráter. E é essência do socialismo, no qual todos são iguais, mas os cubanos são menos iguais que os outros*.

(Da coluna publicada hoje, 9 de outubro de 2013 no jornal Destak.

Também na semana passada, um leitor – esse, até prova em contrário, de boa-fé – disse que “a PM espancou os professores que ocuparam a Câmara”. Prometi-lhe publicar, caso me mandasse, vídeo ou foto com espancamento. Não mandou. No programa que cita, a PM usa força para retirar invasores (e há confronto), mas não aparece espancando ninguém: migre.me/gj76z.

Quem crê que é a PM que sistematicamente vem atacando trabalhadores (não confundir com sindicalistas), pode ver o que conta esse motorista de ônibus, aos dois minutos e meio. Mas, se você, tão legal, não toma como exemplo nada que passe na malvada Globo (de fato, insistente demais em ressaltar o suposto caráter 'pacífico' das 'manifestações') para não ser manipulada, tudo bem. Finja para si mesmo que é só uma miragem e siga caminhando e cantando para o piloto vítima de apedrejamento, para continuar sendo "a favor da educação".

*Para quem não pescou, a referência é aos porcos, líderes, da Revolução dos Bichos, de George Orwell, que fazem o papel dos capos bolcheviques e, como os tais, decidem que "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros".

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Tem culpa eu?

Atualizando o post anterior, "Inteiro – e não pela metade":

Após o site do Globo mostrar, em vídeo, um PM que aparentava forjar flagrante na Cinelândia, pincei dois comentários, de um escritor e de um jornalista, sobre o episódio. Um dizia "Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo". O outro, que "O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida (termo que ele parece ter usado como ironia)".

Quanto à vã esperança do cara, disse que a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. Por mais que O Globo se esforce para se mostrar progressista, será sempre feio, sujo e malvado, um inimigo do povo, para quem sabe como ser legal.

A confirmação do que eu disse não demorou a se mostrar. Pouco após O Globo dar o furo sobre o inquérito que aponta tortura como causa da morte do pedreiro adotado como símbolo político dos que, se não fosse por isso, nem se lembrariam da notícia sobre ele e mostrar o PM na Cinelândia provavelmente forjando o flagrante, um amigo, escritor, postou no feice um texto chamado "a mídia, os artistas, o medo e o silêncio" – já com mais de mil curtidas e compartilhamentos, em que acusa os tais de serem culpados por "criminalizar os protestos" e abrir "espaço para a porrada da polícia no povo".

Artistas e intelectuais são acusados de se silenciarem, mas me concentro na imprensa, a qual o JP chama de "mídia" e acusa assim:

"você, articulista de jornal, rádio e tv, que ajudou a criminalizar os protestos e abriu espaço para a porrada da polícia no povo: a culpa é sua.

você, editor preguiçoso, que jamais contou o número de manifestantes feridos, mas sim o número de cacos de vidro no chão: a culpa é sua./p>

você, repórter, que fechou uma matéria sem ouvir nem sequer um manifestante, comprando a versão da PM como fato depois de décadas de assassinato e abuso: a culpa é sua.

É deveras curioso acusar um repórter virtual de estar "comprando a versão da PM" logo após O Globo mostrar, no flagra do rojão, exatamente o oposto disso. Mas, se o texto multicompartilhado não mostra nenhum exemplo concreto do que diz, eu mostro do que digo:

O que abriu espaço para a porrada, desde as primeiras manifestações de grande porte, em junho, em São Paulo, foram crimes de fato cometidos por militantes, tais como depredar estações de metrô e... espancar um policial militar – sim, ele foi a vítima, não o algoz.

Uma olhada na outra notícia a que me referi na postagem anterior – lamentando que ela não tivesse recebido a mesma atenção que o rojão – ajuda a saber porque repórteres vêm fechando matérias "sem ouvir nem sequer um manifestante": os "manifestantes" não deixaram, logo, a culpa é deles, não da repórter da CBN. A não ser que se ponha nela a culpa por ter sido xingada, ameaçada e quase agredida (o que a PM, aí, fazendo corretamente seu trabalho, impediu) quando... tentava ouvir manifestantes na Cinelândia. Não faltam exemplos anteriores, seja de não responder aos pedidos de entrevista e hostilizar, seja de, muito democraticamente, expulsá-los de locais públicos. Em outro exemplo recente, no 7 de setembro, o repórter Júlio Molica, da mesma Globo News que transmite o Estúdio I, foi ameaçado e ainda acusado de estar "arriscando a vida pela Globo", por um câmera-comentarista daquele pessoal fora do eixo e dentro do dinheiro público que se diz "ninja". De fato, muita gente ficou caladinha sobre essa covardias; por aqui elas não passaram batidas.

É evidente que ações e reações violentas de PMs (que "mais hábeis em arder os olhos de quem tem a ver com a questão do que em prender os culpados" ou ausentes também não passaram batidas aqui e não chegam nem perto dos piores capítulos de suas histórias) se seguiram. Achar que seria possível não ocorrerem em meio a tamanha turbulência é tão realista quanto crer em gnomos. Uma simples vista nas páginas de jornais, como O Globo de hoje, mostra que as páginas e imagens televisivas quase sempre tem mostrado como se fosse da PM a iniciação da violência, que geralmente parte dos tais "manifestantes" – É, aliás, o que percebem, em seus Observatórios da Imprensa pessoais, pessoas comuns, de psicanalistas e engenheiros a porteiros e garçons dos pés-sujos da rua do Riachuelo – gente mais ligada em sua própria percepção e consciências individuais (e em sua necessidade diária de ganhar o pão de cada dia) do que em ser legal.

Só mais um Silvas que a estrela não brilha, como os atendentes de lanchonetes apedrejados por milicianos mascarados em 12 de agosto e a designer cujo ônibus só não foi incendiado um mês antes, no Flamengo graças à ação... da PM. Tem culpa eu? Quem quiser achar que ache, que eu não escrevo para agradar ninguém.

Segue agora a postagem anterior:

Das organizações Globo, o que, felizmente, foi muito mostrado e o que, infelizmente, não foi.

"Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo"

"O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida"

São interessantes os comentários, de dois jornalistas, em um postagem de outro no Facebook. O primeiro diz tudo – exceto pelo fato de o pedreiro estar desaparecido, não havendo confirmação de assassinato. No segundo, me parece claro que o autor se referiu à "imprensa vendida" de forma irônica, negando a acusação, embora não tenha posto o termo entre aspas.

*(Legenda no final do texto)

O vídeo em questão foi gravado e publicado pelo site do jornal O Globo, das Organizações Globo, que muito frequentemente vêm sendo atacadas e tendo seus profissionais xingados, agredidos e ameaçados pelos milicianos de cara encapuzada (ou nem isso) em suas manifestações pacíficas de pedradas, pauladas e coquetéis molotov.

Suas imagens mostram um policial com um morteiro na mão antes de abordar um militante, na Cinelândia, após a votação do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal carioca. Em seguida, mostram o mesmo PM deixando o morteiro no chão, enquanto a mochila do então suspeito é revistada. Após a revista, o mesmo PM sai empunhando um morteiro, o qual apresenta como suposto flagrante, após ele e outro colega de farda darem ordem de prisão ao mochileiro

A sequência não mostra o PM pegando de volta o morteiro que havia jogado no chão, mas é possível vê-lo – atrás de um cameraman aparentemente também militante – se abaixando durante a revista, na qual não é mostrado nenhum morteiro e nenhuma outra arma sendo encontrada na mochila. Se as imagens não podem confirmar 100% que ele forjou o flagrante, deixam muito próxima essa constatação, completada depois pelo fato de o rapaz não ter sido indiciado, o que certamente teria sido, caso portasse explosivo – combinação de prova material com circunstancial.

O Globo fez muito bem ao dar o furo sobre a conclusão do inquérito, no que pese a dúvida, trazida a mim por outro jornalista, sobre uma indicação de tortura por asfixia sem cadáver para exame de corpo de delito. Como fez muito bem também ao gravar e publicar o vídeo e mostrar a todos uma postura péssima da PM, que não é novidade.

Mas a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. É da natureza dos homens-massa que usam o termo odiar a imprensa que consideram "vendida": ou seja, que não publica só e exatamente o que o partido ou movimento deles quer que seja publicado – é o que seus ídolos chamam de "democratização da mídia", em uma realização da novilíngua com cuja perfeição Orwell não conseguiria nem sonhar, mas que os socialistas realizam. É a "democracia" de partido único e jornais somente os aprovados (aliás, escritos) pelo partido – que chama a si próprio de "povo" (não por acaso, tais militantes tentaram cassar indiretamente o voto do povo carioca, impedindo o trabalho de vereadores democraticamente eleitos por todos).

O vídeo do Globo, felizmente, foi compartilhado inúmeras vezes. Essa outra notícia é de uma repórter da rádio CBN, das mesmas organizações Globo, que foi xingada, ameaçada e que não só foi agredida covardemente por um bando de milicianos socialistas que se atribuem a primazia de decidir quem pode ou não trabalhar em um espaço público porque, dessa vez, a PM fez a coisa certa e não permitiu que uma pessoa fosse atacada por uma bando. Esas, infelizmente, foi muito pouco compartilhada.

*Legenda: contra esse pacífico manifestante na foto de Silvia Izquierdo, da Associated Press, nem a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, nem a Comissão de Direitos Humanos – cujo presidente, Wadih Dahmous, homenageou o corruptor José Dirceu – disseram nada.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Inteiro – e não pela metade

Das organizações Globo, o que, felizmente, foi muito mostrado e o que, infelizmente, não foi.

"Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo"

"O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida"

São interessantes os comentários, de dois jornalistas, em um postagem de outro no Facebook. O primeiro diz tudo – exceto pelo fato de o pedreiro estar desaparecido, não havendo confirmação de assassinato. No segundo, me parece claro que o autor se referiu à "imprensa vendida" de forma irônica, negando a acusação, embora não tenha posto o termo entre aspas.

*(Legenda no final do texto)

O vídeo em questão foi gravado e publicado pelo site do jornal O Globo, das Organizações Globo, que muito frequentemente vêm sendo atacadas e tendo seus profissionais xingados, agredidos e ameaçados pelos milicianos de cara encapuzada (ou nem isso) em suas manifestações pacíficas de pedradas, pauladas e coquetéis molotov.

Suas imagens mostram um policial com um morteiro na mão antes de abordar um militante, na Cinelândia, após a votação do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal carioca. Em seguida, mostram o mesmo PM deixando o morteiro no chão, enquanto a mochila do então suspeito é revistada. Após a revista, o mesmo PM sai empunhando um morteiro, o qual apresenta como suposto flagrante, após ele e outro colega de farda darem ordem de prisão ao mochileiro

A sequência não mostra o PM pegando de volta o morteiro que havia jogado no chão, mas é possível vê-lo – atrás de um cameraman aparentemente também militante – se abaixando durante a revista, na qual não é mostrado nenhum morteiro e nenhuma outra arma sendo encontrada na mochila. Se as imagens não podem confirmar 100% que ele forjou o flagrante, deixam muito próxima essa constatação, completada depois pelo fato de o rapaz não ter sido indiciado, o que certamente teria sido, caso portasse explosivo – combinação de prova material com circunstancial.

O Globo fez muito bem ao dar o furo sobre a conclusão do inquérito, no que pese a dúvida, trazida a mim por outro jornalista, sobre uma indicação de tortura por asfixia sem cadáver para exame de corpo de delito. Como fez muito bem também ao gravar e publicar o vídeo e mostrar a todos uma postura péssima da PM, que não é novidade.

Mas a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. É da natureza dos homens-massa que usam o termo odiar a imprensa que consideram "vendida": ou seja, que não publica só e exatamente o que o partido ou movimento deles quer que seja publicado – é o que seus ídolos chamam de "democratização da mídia", em uma realização da novilíngua com cuja perfeição Orwell não conseguiria nem sonhar, mas que os socialistas realizam. É a "democracia" de partido único e jornais somente os aprovados (aliás, escritos) pelo partido – que chama a si próprio de "povo" (não por acaso, tais militantes tentaram cassar indiretamente o voto do povo carioca, impedindo o trabalho de vereadores democraticamente eleitos por todos).

O vídeo do Globo, felizmente, foi compartilhado inúmeras vezes. Essa outra notícia é de uma repórter da rádio CBN, das mesmas organizações Globo, que foi xingada, ameaçada e que não só foi agredida covardemente por um bando de milicianos socialistas que se atribuem a primazia de decidir quem pode ou não trabalhar em um espaço público porque, dessa vez, a PM fez a coisa certa e não permitiu que uma pessoa fosse atacada por uma bando. Esas, infelizmente, foi muito pouco compartilhada.

*Legenda: contra esse pacífico manifestante na foto de Silvia Izquierdo, da Associated Press, nem a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, nem a Comissão de Direitos Humanos – cujo presidente, Wadih Dahmous, homenageou o corruptor José Dirceu – disseram nada.

Não feche a Rio Branco

Uma péssima ideia do prefeito do Rio, Eduardo Paes, passou quase livre de críticas no início desse ano. Para simular um boulevard parisiense, ele pretendia fechar a maior parte da avenida Rio Branco, uma das principais do Centro, é larga, com fluxo de tráfego até bom para o volume de veículos que passam.

Se ninguém reclamou de um palpite claramente tão infeliz, hoje não falta quem dê pitaco sobre leis complexas e, por linhas tortas, imponha o sonho do prefeito de forma ainda mais tortuosa à população, sob o pretexto de um protesto contra o próprio Paes.

Desde as Jornadas de Junho – apelido cafona a eventos idem –, a Rio Branco já foi fechada ao menos 17 vezes, sem o calçadão e as árvores idealizadas pelo prefeito. Os adereços são de vidro (estilhaçado), pedras e fogo em lixeiras (além de tudo, são porcos).

O pano de fundo da vez é o Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal. Todos os manifestantes que o atacam o estudaram a fundo. Os vereadores que aprovaram o plano foram eleitos, mas os protestantes é que representam “o” povo – não os votos de cada um. A violência parte sempre e só da PM, criticada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), futuro rival de Cabral, parceiro de Paes, pelo Governo estadual em 2014 mas a motivação do ato não é política.

Com tantas máscaras cobrindo identidades reais, só espero que Paes desista. Não do plano – que, ao contrário dos ungidos militantes, teria que estudar muito mais para cravar “bom” ou “ruim” – mas de fechar a Rio Branco.

(Publicada hoje, 2 de outubro de 2013, no jornal Destak)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Produto final da digestão

Alivio no título para poupar intestinos sensíveis no café da manhã, mas a referência, ao tal “socialismo do século 21”, como ao do 20, é o que diz sobre a inveja qualquer para-choque de caminhão. Deve ser difícil manter a higiene em países como a Venezuela. Se o finado Hugo Chávez mandava seus súditos tomarem banho em até 3 minutos para economizar água, agora Nicolás Maduro apodrece a economia nacional ao ponto de faltar papel higiênico.

Legítimo sucessor, pôs a culpa a “especulação” e interveio, com a PM, em uma fábrica, omitindo as dificuldades criadas pelo Governo para importar matéria prima (não deixa de ser gozado ver que o uso ditatorial da PM é feito pelo governo 'bolivariano' querido dos frouxos unidos que chamam Sérgio Cabral de "ditador" e repetem berros pela "desmilitarização da polícia", omitindo para si mesmos a própria total ignorância sobre o que vem a ser isso e qual seria sua consequência, como o fato de adoram ditaduras militares – desde que socialistas).

É a maturidade de quem já culpou o Homem-Aranha pela violência na Venezuela, país que frequenta os Top 5 de homicídios do mundo desde seu padrinho Chávez – que “combateu” o crime proibindo divulgação do número de vítimas. Não faz mal, limpa com jornal, já não tem a notícia mesmo...

Personagens em foco, caprichamos para imitar os “bolivarianos”. Uma associação de pais pede ao governo brasileiro que censure um anúncio de Cheeto’s, pois não são capazes nem de mostrar aos filhos o quanto aquilo fede, e o Cartoon Network anuncia que banirá episódios de Tom e Jerry por considerá-los violentos.

Somando evangelhos do bem, tipo consumo “consciente”, dia desses regredimos ao socialismo do século 20 mesmo, como descrito por Janer Cristaldo, de sua viagem à Romênia, em 1981: “todo santo dia eu tinha de lutar por alguns centímetros de papel na portaria do hotel. Rolo, que é bom, nem em sonhos”. Que merda.

(Ampliada da coluna publicada hoje (25/9/2013) no jornal Destak)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Não vale nem R$ 0,20

Meu amigo Vinícius Albuquerque, editor de SP e também colunista do Destak acha que o país não mudou nada com “as manifestações”. É um otimista. Além de ganhar lixeiras depredadas, pedradas em ônibus etc., nosso Brasil varonil passou do ano em que mensaleiros foram condenados à primavera florescida com a manutenção do mandato de deputado do criminoso Natan Donadon, inaugurando a bancada da Papuda na Câmara.

A aceitação dos embargos infringentes, com o voto de Celso de Mello que 11 entre 10 apontam como favorável hoje, pode livrar mensaleiros, como José Dirceu e João Paulo Cunha, até da prisão que Donadon já cumpre, liberando-os da pena em regime fechado. Enquanto companheiros desses criminosos – como o presidente do PT e humorista involuntário, Rui Falcão, Chico Buarque compositor de algumas músicas boas, há umas quatro décadas, e o pseudojornalismo chapa branca bancado por dinheiro público – pressionam o decano a manter o compromisso com o erro, dando outro julgamento aos mensaleiros, agora com dois novos ministros que já os favoreceram nessa fase (Teori Zavascki e Luis Roberto Barroso), seguem aqui duas boas observações.

Ao perguntarem “para que servem os embargos infringentes?”, Diego Werneck Argueles e Eduardo Jordão, professores da FGV, respondem que para decisões controvertidas, como de uma turma de juízes, por 3 a 2, que passaria ao plenário. Não é o caso no STF, que já condenou 25 dos 37 réus julgados pelo mensalão em seu plenário. Isso sem contar que, como explicam os autores, "se o reexame é feito pela mesma instituição, a chance de correção de erros não parece maior do que a de desfazimento de acertos".

Já a ex-ministra e presidente do STF Ellen Gracie frisa que a Constituição impõe a regimentos internos “respeito à reserva de lei federal para a edição de regras de natureza processual”. A Lei Federal 8.038/1990 que regulamenta as atividades do Supremo não prevê embargos infringentes. E a agenda de protestos – que começaram com o MPL (Movimento Passe Livre), nascido do PT como o próprio mensalão – não prevê nenhum ato contra a amaciada aos mensaleiros. Para os “jovens manifestantes”, tudo isso não vale nem do que R$ 0,20.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

E aí Caê, foi bom para você?

O Haiti é aqui? No número absoluto de homicídios de jornalistas, estamos ainda pior: Brasil 3 x 1 no 1º trimestre, mas a torcida organizada cujo uniforme Caetano Veloso vestiu parece ser daquelas que só se satisfaz com goleada.

Ao menos, parecia ser este o sentido do misto de câmera e comentarista, ao questionar um repórter por estar “arriscando a vida pela Globo”, ao narrar, para a já queimada Mídia Ninja, a expulsão dele de um local público por covardes que, em bando, chutavam um cara só. Tratava-se do desfile militar pelo Dia da Independência, na avenida Presidente Vargas, Centro do Rio de Janeiro e do repórter Júlio Molica, da Globo News, sozinho, sendo agredido por um grupo desses caras que acham valentões, mas agem em bando contra um ou dois.

Seu pai, o premiado repórter investigativo Fernando Molica já fez um bom resumo a sucessão de asneiras desses “meninos mimados e violentos que não suportam o contraditório, que não admitem ser contrariados” e também lembra do último repórter que perdeu a vida trabalhando pela Globo, seu então colega Tim Lopes, em 2002, assassinado por traficantes no complexo do Alemão. (1)

Será que Caê curtiu a festa da Mancha Preta, com mais de 22 sujeitos, alguns a chutar não uma bola, mas uma pessoa?

Na véspera, cobrira a cara, dizendo que “é uma violência simbólica proibir o uso de máscaras”. Referia-se à proibição de se cobrir a cara em manifestações, como se fosse possível manifestar opinião própria apagando a própria existência de indivíduo. E nada disse da violência de “manifestantes”, covardemente tolerada, embora constante e já bastante conhecida difundida nos últimos três. E que não se limita a repórteres nem a veículos de imprensa.

Há um mês: 12 de agosto

Foi o caso, que contei aqui, de atendentes de lanchonetes, alvos de pedradas dos “manifestantes” sem que houvesse um PM por perto, em 12 de agosto, no Largo do Machado.

Encontrei-os, verdadeiros trabalhadores e vítimas de violência covarde, no ponto, esperando ônibus para a Penha, enquanto falavam, desolados, de como foram expostos às pedradas pela violência, dita “simbólica” dos ditos ‘anarquistas’ contra os “símbolos do capitalismo”, sem estar nem aí para as pessoas do outro lado da vidraça. O que importava naquela noite, para os mimadinhos homens-massa (em bando e sem mostrar a cara, é claro), era causar...

Há dois meses: 11 de julho

Também foi o caso de uma designer cujo ônibus justiceiros sociais mascarados só não incendiaram porque a PM chegou, em 11 de julho, no Flamengo. Sofia voltava do trabalho, à noite, quando o veículo em que circulava foi cercado, na rua Senador Vergueiro, por um grupo de criminosos.

Após queimar montes de lixo no meio de ruas, vindos do Palácio Guanabara, jogaram papel sob o ônibus e já se preparavam para atear fogo, com o claro intuito de incendiar o coletivo, o que, óbvio, colocaria em risco a vida dos passageiros todos. Foi quando o malvado Batalhão de Choque da PM chegou e impediu os manifestantes pacíficos de executarem sua manifestação tão pacífica. A imprensa “tradicional” não mostrou isso provavelmente porque nossa linda juventude (que a acusa de ter apoiado ‘A’ ditadura) já vinha decidindo quem podia ou não cobrir eventos públicos em espaços públicos – também por falta de pessoal suficiente para estar em tantos lugares, em meio à correria.

(o objetivo dos "manifestantes")

Já a Mídia Ninja, estando sempre junto das ‘manifestações’, como afirma, não mostrou porque não quis. (2)

Mas a PM isso-e-aquilo...

‘Ah, mas ela mostra a violência policial’... Que nesse espaço, nunca foi justificada. Pelo contrário, foi lembrada algumas vezes, mas nunca sob ótica caolha, nem com a encenação da ingenuidade suficiente para crer que, em contínua situação de tamanho estresse, a polícia poderia agir sempre como a Guarda Real inglesa.

Voltando ao Cateano, há até pouco tempo, ele mantinha o mérito de não se dobrar a patrulhas. Assim, não aderiu ao oba-oba lulopetista e disse a Fidel Castro que não aceitava ordens de ditadores.

Entre erros e acertos, trazia coragem intelectual, desde 1968, quando ao ser vaiado em um festival tocando com banda de rock (os então novatos Mutantes), “coisa de alienado”, “imperialista”, mandou ver à plateia:

“Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...) Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos” “Vocês são iguais sabem a quem? (...) Àqueles que foram na Roda Viva e espancaram o atores! Vocês não diferem em nada deles”.

Tinha toda a razão, mas hoje, talvez por querer voltar a ser visto como cool, depois ter sido até de "udenista" por mimados que não suportam ver o "cara" não ser idolatrado, mendiga o amor de uma “juventude” tão totalitária em política quanto a de 1968. Começou aderindo à infanto-juvenil ‘Primavera Carioca’ de apoio a Marcelo Freixo e seu Psol. Agora, e elogia a explicação de um simpatizante da filosofia Black Bocó sobre o “sentido de certos atos violentos”.

Para ser amado, talvez se encantasse até com o discurso social do Elias Maluco. (3)

Faixas-bônus

p>(1) só escorrega, travada a mente na ideologia, ao dizer que os mesmos reproduzem o comportamento de “militantes de extrema direita”, quando tais práticas sempre foram até mais abundantes na extrema esquerda, especialmente quando lembramos que nazismo e fascismo são vertentes do socialismo.

(2) Tem mais: 27 de junho Falando em ônibus, antes disso, em 27 de junho – naquela passeata de centenas de milhares pela qual tantos crentes se encantaram e da qual se orgulharam de participar (enquanto um carro do SBT era queimado em frente à prefeitura), um fotógrafo conhecido dos tempos de faculdade foi espancado por um grupo de... ‘manifestantes’ após pedir que eles não apedrejassem um coletivo que estava parado pela concentração de pessoas na mesma Presidente Vargas, cheio de passageiros que poderiam se machucar.

Sozinho, foi espancado por um bando e teve afundamento de crânio. Escapou por sorte de sofrer sequelas. Apesar disso, continua curtindo o “movimento das ruas” e tem todo o direito à opinião que quiser – o que, no entanto, não muda o fato ocorrido.

E isso sem contar os PMs espancados no Rio e em São Paulo – este, logo em uma primeira passeata do já até meio esquecido MPL (Movimento Passe Livre), em 11 de junho, já há três meses.

("manifestantes" atacam PMs, um dos quais viria a ser espancado, mas os policiais é que são truculentos e os jovens, o sal da terra)

(3) Para quem não fez o link, trata-se do assassino de Tim Lopes

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Caô. De um indivíduo aos frouxos unidos

Atualização: o movimento dos que escondem a cara também é apoiado, entre 26 "formadores de opinião" por Chico Buarque, apoiador, por exemplo, da ditadura comunista cubana que proíbe oposição e, só no paredón, matou mais de 17 mil (contando os que morreram no mar tentando fugir, passam de 100 mil). Gente fina.

20 de dezembro de 2006. Nine Out of Ten no palco e eu na sala de primeiros socorros do Circo Voador, meu nariz mais vermelho do que a capa do Transa, mas de sangue mesmo. A noite que começara ali terminou foi no Souza Aguiar. Os detalhes tda porrada são tão pequenos para a eles voltar, mas ela foi uma coisa muito grande, ao ponto de chamar a atenção de quem a podia ver, e não havia porque ser diferente com um artista sempre tão atento ao seu público, ao ponto de, volta e meia, brigar com ele – desde 1968, quando brigava contra autoritarismo de ambos os lados.

Até os dois anos seguintes àquele no qual iniciei, Caetano Veloso não aceitava ordens de ditadores. Agora, a exemplo de seu velho amigo Arnaldo Jabor, quer ser amado, mas investe com muito mais esperteza nessa arte. vai ver por isso, está aliado à juventude tão totalitária em política quanto em estética – ao ponto de dar piti contra o Tom Zé no Tribunal de Feicebúqui, chatiada por o traidor do movimento – cujas contas nenhum Cubo Card paga – ter feito um comercial para a Coca-Cola. E eis que o baiano de Santo Amaro da Purificação, o capitalista independente de facções, que tomava uma Coca-Cola enquanto se consolava como uma canção do pensamento d’ela em casamento, de certa forma inverte posição com o baiano de Irará, de onde contava ter vindo “uma família bonita (sic), comunista”.

De fechar com guru Marcelo Freixo, foi um pulo ao apoio à Intifada dos frouxos, que atacam sempre em bando, apedrejando ônibus e lojas, entre outros exemplos, sem pensar no Haiti nem muito menos em quem está ali, meros mortais, trabalhadores ou não, que podem se machucar. Para esses, Caê também não tá nem aê. A um dia do que após o qual o Brasil jamais será o mesmo, como anteviu Guilherme Fiúza com toda a coragem intelectual que se ausenta da mente dos adesistas, o cantor vai à página da Mídia Ninja (aquela, que se diz jornalística, ligada àquele “coletivo” que pega dinheiro público para promover festivais e não paga os músicos) e fala para todos saírem às ruas mascarados, para “responder à violência sem violência”.

Antes dele, um desintelectual orgânico do grupo, lamenta a proibição das máscaras em “manifestações”, como “ditatorial” “anticonstitucional” e diz que se mascara porque é “fotografado o tempo todo por policiais infiltrados”.

Inversões instantâneas em meio minuto, na ultra-adjetivação que define mais a falta de substância de quem adjetiva do quem é adjetivado. A Constituição garante a expressão no mesmo artigo 5º em que veda o anonimato e o ato de se manifestar é incompatível e o oposto ao de se esconder. Querer fazer “manifestações populares” em praça pública sem o “risco” de ser fotografado, então, só não é mais noviliguístico do que dizer que policiais se infiltram em espaços que são, afinal, públicos.

Nem ele, que fala do suposto medo de levar porrada, nem Caê, que, num caô, se diz oposto à violência dão um “ai” sobre a violência permanente de seus companheiros de “luta”, a qual provavelmente atingiu algum vendedor, jornaleiro ou bancário que já atendeu o cantor em seu Leblon de moradia.

(os burgueses que foram alvos cirúrgicos dos justiceiros sociais)

Outro valente, de cara escondida, mostra que qualquer proibição de “vestimenta pessoal” – como se cobrisse a cara trivialmente, para ir a um show do Caetano, por exemplo – é “uma forma de agressão pessoal”, contra a “individualidade”. Mais inversão simétrica. Esconder a cara transmutando-se em uma massa é a própria negação de qualquer individualidade e agressão pessoal é levar pedradas ou um soco na fuça.

A primeira delas acontece o tempo todo, por essas autodeclaradas pobres vítimas, contra trabalhadores de lanchonetes, passageiros de ônibus, camelôs etc. nessas ditas “manifestações ‘pacíficas’”. A segunda deixa até hoje uma cicatriz no nariz. A exemplo de muitos artistas que param a música quando rola briga, Caetano poderia tê-lo feito, mas, com sua burrice, deixou jorrar sangue demais em um mero indivíduo. Parafraseando Lobão – que, sim, tem razão –, ele prefere se unir aos frouxos unidos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Exército dos Puros 5.0

Primavera Carioca, 2012. A juventude dourada da Cidade Maravilhosa coloria-se de dourado, cor da campanha de Marcelo Freixo (PSOL), além de deputado estadual e candidato a prefeito, símbolo de um possível outro mundo, desatado da “velha” política e no qual o horizonte vai além da eleição imediata. Aí, de fato: ele está adiante, por meio da conquista dos corações e das, digamos, mentes, dos jovens.

“Generation Next”, a vista nas gerações futuras, como diz o slogan da Pepsi. Mas refrigerante, ainda mais estadunidense, é coisa do capetalismo, a frase de ordem da vindoura esperança a vencer o medo é de que “nada deve parecer impossível de mudar”, cortesia de Bertold Brecht, aquele que metia o malho no “analfabeto político” enquanto pregava a crença na utopia do mimo.

Enquanto os mensaleiros, do PT e de partidos aliados, eram sendo condenados por seus crimes no STF, a economia começava a tropeçar e o governo Dilma criava-se à sua imagem e semelhança – pragmático e burocrata – uma nova aurora urgia à nossa linda juventude desiludida com a política – e doida para se iludir de novo.

Fast forward para 2013

Flagrada falando a assessores sobre entregar parte de seus salários, a deputada Janira Rocha, colega de Freixo na Alerj, assume que não tem vergonha:

“Eu não faço nada dentro deste mandato que eu possa me envergonhar, pode até ser que tem algumas coisas que são feitas aqui, como a única, que é a cotização, que não é legal lá fora, entendeu? Mas isso não me envergonha, não me envergonha, eu não estou roubando dinheiro pra mim, entendeu? Eu não estou roubando dinheiro pra mim”.

Entendi, excelência. É para o mandato, então “aí dentro” vale como dizia o Tim Maia.

Rewind para 2002

Investigação do Ministério Público de São Paulo aponta que o prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), pensava parecido, mas seus companheiros temiam a repercussão, e que ele foi assassinado como queima de arquivo para não entregar quem estava roubando para si mesmo, não para o partido – os bons companheiros preferem crer na versão da polícia, de crime comum, após sete testemunhas também terem sido mortas e o irmão da vítima, Bruno Daniel, ter se exilado na França.

Passados 11 anos de mensalão, violações de sigilos, alianças com a tal “velha política”, o PSOL, criado em 2005 a partir da expulsão dos “radicais”, herdou do PT a aura de “ético” e “idealista”, impressão que apresenta a falta de vergonha de Janira como um ponto fora da curva. Em vez disso, trata-se de uma definição própria da esquerda que vê em lei e ordem obstáculos “conservadores” à criação de “um mundo melhor”.

Foi assim, que, ao não aceitar a composição – totalmente legal – da CPI dos Ônibus, Eliomar Coelho e seus três colegas de PSOL na Câmara do Rio (Jefferson Moura, Paulo Pinheiro e Renato Cinco) criticaram seus membros governistas, por não ter assinado o requerimento para abertura da comissão, o que, no entanto, não fere em nada as regras regimentais da Casa, muito menos é crime.

(O Dia)

Ao mesmo tempo, jamais falaram nada de seus simpatizantes que invadiram a Câmara, tentaram censurar o trabalho da imprensa no local, com ameaças, e até depredaram o gabinete de Chiquinho Brazão (PMDB) – isso é crime, independentemente de qualquer considerar sobre o vereador citado, mas, pelo triunfo da vontade militante, vale o que quiser.

PS: A própria Janira já fora flagrada, em conversa telefônica estimulando o líder grevista bombeiro Benevuto Dacíolo a não fechar negociação com o governo estadual antes de fazer uma greve, com a qual o movimento ameaçava simplesmente inviabilizar a realização do Carnaval no Rio de Janeiro em 2012.

Isso tudo sem contar o apoio incondicional do partido cujo nome mistura socialismo e liberdade à permanência no Brasil de Cesare Battisti, ex-integrante dos PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) condenado na Itália, por quatro assassinatos.

PS2: Acho que descobri o que a palavra "liberdade" faz no nome do partido. Trata-se da liberdade do assassino que têm por companheiro

.

(Só para melhorar a imagem de Janira)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

É devagar, devagarinho

Q uem poderia supor, há um ano e dois meses, a que ponto a cidade turvaria? Fechamento sistemático de ruas e as depredações de “manifestantes” que não se importam em arriscar a integridade física de trabalhadores e passageiros de ônibus são encarados como quase naturais por moradores do Rio de Janeiro. Cariocas planejam trajetos com antecedência para evitar os bondes dos sujeitos que agem em bando e com o rosto escondido. E com PMs mais hábeis em arder os olhos de quem nada tem a ver com a questão do que em prender os culpados.

Em junho de 2012, durante a Rio+20 escrevi aqui sobre a “Marcha contra o direito de ir e vir” (migre.me/fOEju).A CET-Rio ainda pedia “paciência” aos reféns dos engarrafamentos da Marcha das Mulheres, cuja organizadora Adriana Messali alegou ser “preciso ocupar as ruas para a cidade perceba a luta dos movimentos sociais”.

“Dá medo quem acha que as pessoas são obrigadas a parar para ouvir suas palavras de ordem. Ainda mais em bandos, o que eleva o autoritarismo às mais altas potências”, escrevi. Sem precisar ser a Mãe Diná, eis o resultado. Um ano depois, ao aceitar que militantes barrem mobilidade alheia, a violência cresce, pois, como disse David Hume, “raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez”. Resta torcer para não vingar a previsão de Demétrio Magnoli, que compara o momento atual aos primórdios do grupo terrorista alemão Baader-Meinhoff.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Covardia contra os trabalhadores

Largo do Machado, zona sul do Rio, 23h. Amiga repórter passa tensa, escondendo o logotipo da empresa para não ser impedida de trabalhar por manifestantes tão pacíficos quanto democráticos que, em bandos, ditam quem pode ou não cobrir um ato no espaço público da rua. Levanto, cumprimento-a e volto. Mesmo local, uns chopes depois. Passa cara por quem, por anos, tive grande amizade e admiração, mas que passou a achar linda a covardia dos bandos. Aceno.

A 2,5 km, militantes seguiam na Câmara, invadida, exigindo saída da CPI dos Ônibus de vereadores que não apoiaram sua criação – e que Eliomar Coelho (PSOL) a presida. Para isso, depredaram o gabinete de outro integrante da comissão e tentaram impedir a imprensa de registrar seus atos. Violaram o Código Penal e a Constituição Federal. Políticos eventualmente favorecidos beneficiar-se-ão de crime e censura – legisladores e governantes que negociam, os aceitam como métodos.

(Foto:Rafael Pereira)

De volta ao Largo do Machado. After midnight. À espera do ônibus, funcionários de uma lanchonete multinacional, conversam, ainda atordoados com o ataque sofrido, poucas horas antes, do bando de “manifestantes” que passou atirando pedras, nem aí para o risco à integridade física dos trabalhadores atrás das vidraças e que, agora, reclamavam não de PMs, mas da ausência deles antes. Já quem ataca “símbolos do capitalismo” devia experimentar protestar de forma (realmente) pacífica, contra o governo, em Gaza ou em Cuba, cujo vitalício-emérito fez 87 anos. Aí, conheceriam o que é, de fato, ser preso político sob ditadura.

(The Guardian)

1) Como diz Lobão, "o frouxo unido jamais será um indivíduo". Enquanto minha amiga repórter já mostrou crimes de fato cometidos por policiais, os "manifestantes 'do bem'" posam de vítimas quando cometem crimes e a PM tenta impedir.

2) A, digamos, justificativa foi a cobertura "nojenta" da "mídia" em geral e da Globo, em particular. Ausência de Voltaire à parte, pelo jeito, foi pouco Leilane e cia. repetindo a palavra "manifestação pacífica", enquanto carros eram queimados e seus colegas, na ruam ameaçados. Deveriam ler textos ditados pela apartidária mídia "ninja", de preferência com o Galvão Bueno narrando entusiasticamente cada bomba jogada por esse Brasil-sil, gigante desperto e esperto, que mostra a sua cara

(quer dizer, a esconde...)

3) Constituição Federal – Art. 5º (...) IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm).4) Código Penal – Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

4)After midnight, homanagem ao recém-falecido JJ Cale, seu compositor, que também faz Cocaine

Na ilha dominada pelo Che querido dos "manifestantes 'pacíficos'" que chamam Sérgio Cabral de ditador, essa banal internet é controlada – assim como o surfe, que pode ajudar "infideles" a fugir, como mostra texto nesse link, em homenagem ao ditador com anos em festa.

Atualização: o vereador Eliomar Coelho (PSOL), que os "manifestantes 'democráticos'" querem impor, na marra, como presidente da CPI, usou o Facebook, essa invenção imperialista estadunidense, para dizer que desistiu da sessão de quinta-feira (15/8), entre outras coisas, porque: a)"5 Batalhões da PM, além do Batalhão de Choque, cercam a Cinelândia e impedem o ir e vir da população, mesmo os que não viriam para a CPI"; depois, que: b) "A presidência da Câmara, passando totalmente por cima do Regimento Interno, cancelou o expediente normal" e que "Isso é mais um GOLPE".

Em nenhum momento, Eliomar reclamou do golpe que os "manifestantes" simpáticos a ele deram, ao invadir a Câmara e depredar o gabinete de um colega vereador, do atropelo do Regimento Interno que os mesmos tentam impor, ao não aceitar o rito democrático da eleição para a composição da CPI, nem do cerca que os mesmos 'protestantes' que o apoiam fizeram à Câmara, tentando impedir a saída do presidente da casa, Jorge Felippe (PMDB) e agredindo outros vereadores com ovos. Quanto às violências de seus apoiadores contra os rivais, silêncio total.

<h1>Viagem ao fundo do Rio</h1>

Dentro do país vindo de sua pior queda de PIB (7,2%) e empregos (3,5 milhões) em dois anos, o estado com piores déficits nesses anos (R$...