quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Talibãs moderados

Prêmio Internacional da Paz das Crianças, a paquistanesa Malala Yousafzai, 16, sobreviveu a tiros dos talibãs que tentaram matá-la por cometer o pecado de estudar – crime para uma menina, nas cabeças ocas da milícia totalitarista islâmica. Já o Nobel da Paz foi dado de forma errada em 2009 ao presidente americano Barack Obama, que nem havia iniciado sua gestão cuja secretária de Estado, Hillary Clinton, defendeu depois que os EUA abrissem um diálogo com “talibãs moderados” (“quadrados redondos”, em árabe).

Karl Popper (1902-1994), filósofo austríaco, já nos ensinou que “não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos”, mas não é que, logo após Guilherme Fiuza descobrir o nascimento do “Brasil Talibã”, o ministro Gilberto Carvalho afirma que o Planalto busca dialogar com os milicianos do Black Bloc?

Tivesse Carvalho a mesma capacidade cognitiva dos “artistas e ‘intelectuais’” que pedem a liberdade de “presos ‘políticos’”*, como os que (em bando contra um, como sempre) espancaram um coronel da PM em São Paulo, essa seria só uma ideia tão imbecil quanto a de Hillary. Mas o ministro petista é bem esperto e não era à toa que, em julho, passeava em meio a militantes berrando pela queda de seu suposto aliado Sérgio Cabral (PMDB) em Copacabana.

Quando ele fala pede "diálogo" com black blocs, inspira uma bondade tão grande quanto a dos talibãs pedindo a Mala que volte para o Paquistão.

*Em um vídeo, atores e militantes referiam-se aos suspeitos presos no Rio de Janeiro. Como nenhum deles veio a público explicitar que, porventura, não estenderiam o apoio aos agressores do policial, naturalmente, estendem sua manifestação de apoio às "manifestações" como um todo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Adolescentes trintões – ou quase

Nova orientação a psicólogos americanos estende o fim da adolescência dos 18 para os 25 anos. Como o Brasil adora imitar tudo (e só) o que não presta dos isteites, logo a asneira chega aqui oficialmente. Na prática, este país já tem coisa pior, como o Estatuto da Juventude, que estende para até os 29 anos o direito à meia-entrada*.

O professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent, discorda da causa econômica a que se costuma atribuir a tendência. Tendo a concordar com ele, ao menos se o suposto motivo for falta de bens ou de dinheiro. O aumento inédito do acesso a comida, eletrodomésticos etc. – culpa da liberalização econômica especialmente da Ásia – coincide com a maturação das ideias politicamente corretas plantadas por Marcuse e cia., mentores da geração professora da atual.

Pode ser só acaso, mas, na galera mais contra “o patriarcalismo, o capitalismo e tudo-isso-que-está-aí”, não falta gente que desfruta de vida em altísimo nível material com pouquíssimo mérito pessoal – graças à família e “tudo-isso” contra o que se rebela por saber que não corre nenhum risco.

Nem se trata dos tais “ritos obrigatórios”. Quem é solteiro e leva uma vida hedonista aos 40, por opção, é mais maduro que quem se casou e teve filho, ciente de que dependeriam dos pais/avós. Pode ser só acaso, mas coincide com quem hoje vive a defender a versão nacional do que Luiz Felipe Pondé já definia, há dois anos, sobre os “jovens” de Londres que “quebram tudo porque a malvada sociedade do consumo os obriga a desejar iPads”.

Publicada hoje, 16 de outubro de 2013, no jornal Destak, com o título "Jovens de 25 (ou 29) anos."

*Parágrafo-bônus: o projeto se origina de uma iniciativa da deputada federal pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila, recém-eleita presidente do PC do B, partido que domina a UNE (União Nacional dos Estudantes), da qual ela também já foi presidente. A entidade tem nas carteirinhas de estudante para meia-entrada sua principal fonte de financiamento, mas é claro que a parlamentar não quis dar uma forcinha. Também foi puro acaso.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Menos iguais que os outros

Há uma semana, disse que precisaria estudar para avaliar o Plano de Cargos e Salários oferecido pela Prefeitura do Rio aos professores e as alternativas a ele. Não era o único. O Sindicato dos Profissionais da Educação foi reprovado em matemática: sua proposta (aumento de 15% a cada nível, por tempo) levaria vencimentos de docentes para cima do teto estatal, de R$ 28 mil.

É difícil crer que um iniciante recusaria a oferta da prefeitura carioca: R$ 4.147 por 40 horas semanais. Curioso, o PSOL, que lidera oposição e apoia o Sepe no Rio, tem, em Macapá (AP), o único prefeito de capital que paga menos que o piso nacional, de R$ 1.567, aos professores municipais: só R$ 1.347.

O salário, ó... só não é menor do que os R$ 1.260 declarados pelo primeiro médico cubano ouvido a respeito. O resto da bolsa (R$ 10 mil) fica com a ditadura cubana, mas aí as manifestações foram de que eles tinham missão a cumprir, como se fossem salvar nossa saúde e sem mesquinharias salariais – resta saber, então, porque 500 deles fugiram da Venezuela aos EUA, em 2010. (Correção: na verdade, foi de 2006 a 2010).

Defender que se obrigue uns a trabalhar, entregando quase 90% do que receberia à ditadura que ainda restringe sua locomoção, e que outros deixem crianças sem aula (já há quase dois meses) por tratarem como “inaceitável” uma remuneração bem melhor, é falta de caráter. E é essência do socialismo, no qual todos são iguais, mas os cubanos são menos iguais que os outros*.

(Da coluna publicada hoje, 9 de outubro de 2013 no jornal Destak.

Também na semana passada, um leitor – esse, até prova em contrário, de boa-fé – disse que “a PM espancou os professores que ocuparam a Câmara”. Prometi-lhe publicar, caso me mandasse, vídeo ou foto com espancamento. Não mandou. No programa que cita, a PM usa força para retirar invasores (e há confronto), mas não aparece espancando ninguém: migre.me/gj76z.

Quem crê que é a PM que sistematicamente vem atacando trabalhadores (não confundir com sindicalistas), pode ver o que conta esse motorista de ônibus, aos dois minutos e meio. Mas, se você, tão legal, não toma como exemplo nada que passe na malvada Globo (de fato, insistente demais em ressaltar o suposto caráter 'pacífico' das 'manifestações') para não ser manipulada, tudo bem. Finja para si mesmo que é só uma miragem e siga caminhando e cantando para o piloto vítima de apedrejamento, para continuar sendo "a favor da educação".

*Para quem não pescou, a referência é aos porcos, líderes, da Revolução dos Bichos, de George Orwell, que fazem o papel dos capos bolcheviques e, como os tais, decidem que "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros".

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Tem culpa eu?

Atualizando o post anterior, "Inteiro – e não pela metade":

Após o site do Globo mostrar, em vídeo, um PM que aparentava forjar flagrante na Cinelândia, pincei dois comentários, de um escritor e de um jornalista, sobre o episódio. Um dizia "Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo". O outro, que "O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida (termo que ele parece ter usado como ironia)".

Quanto à vã esperança do cara, disse que a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. Por mais que O Globo se esforce para se mostrar progressista, será sempre feio, sujo e malvado, um inimigo do povo, para quem sabe como ser legal.

A confirmação do que eu disse não demorou a se mostrar. Pouco após O Globo dar o furo sobre o inquérito que aponta tortura como causa da morte do pedreiro adotado como símbolo político dos que, se não fosse por isso, nem se lembrariam da notícia sobre ele e mostrar o PM na Cinelândia provavelmente forjando o flagrante, um amigo, escritor, postou no feice um texto chamado "a mídia, os artistas, o medo e o silêncio" – já com mais de mil curtidas e compartilhamentos, em que acusa os tais de serem culpados por "criminalizar os protestos" e abrir "espaço para a porrada da polícia no povo".

Artistas e intelectuais são acusados de se silenciarem, mas me concentro na imprensa, a qual o JP chama de "mídia" e acusa assim:

"você, articulista de jornal, rádio e tv, que ajudou a criminalizar os protestos e abriu espaço para a porrada da polícia no povo: a culpa é sua.

você, editor preguiçoso, que jamais contou o número de manifestantes feridos, mas sim o número de cacos de vidro no chão: a culpa é sua./p>

você, repórter, que fechou uma matéria sem ouvir nem sequer um manifestante, comprando a versão da PM como fato depois de décadas de assassinato e abuso: a culpa é sua.

É deveras curioso acusar um repórter virtual de estar "comprando a versão da PM" logo após O Globo mostrar, no flagra do rojão, exatamente o oposto disso. Mas, se o texto multicompartilhado não mostra nenhum exemplo concreto do que diz, eu mostro do que digo:

O que abriu espaço para a porrada, desde as primeiras manifestações de grande porte, em junho, em São Paulo, foram crimes de fato cometidos por militantes, tais como depredar estações de metrô e... espancar um policial militar – sim, ele foi a vítima, não o algoz.

Uma olhada na outra notícia a que me referi na postagem anterior – lamentando que ela não tivesse recebido a mesma atenção que o rojão – ajuda a saber porque repórteres vêm fechando matérias "sem ouvir nem sequer um manifestante": os "manifestantes" não deixaram, logo, a culpa é deles, não da repórter da CBN. A não ser que se ponha nela a culpa por ter sido xingada, ameaçada e quase agredida (o que a PM, aí, fazendo corretamente seu trabalho, impediu) quando... tentava ouvir manifestantes na Cinelândia. Não faltam exemplos anteriores, seja de não responder aos pedidos de entrevista e hostilizar, seja de, muito democraticamente, expulsá-los de locais públicos. Em outro exemplo recente, no 7 de setembro, o repórter Júlio Molica, da mesma Globo News que transmite o Estúdio I, foi ameaçado e ainda acusado de estar "arriscando a vida pela Globo", por um câmera-comentarista daquele pessoal fora do eixo e dentro do dinheiro público que se diz "ninja". De fato, muita gente ficou caladinha sobre essa covardias; por aqui elas não passaram batidas.

É evidente que ações e reações violentas de PMs (que "mais hábeis em arder os olhos de quem tem a ver com a questão do que em prender os culpados" ou ausentes também não passaram batidas aqui e não chegam nem perto dos piores capítulos de suas histórias) se seguiram. Achar que seria possível não ocorrerem em meio a tamanha turbulência é tão realista quanto crer em gnomos. Uma simples vista nas páginas de jornais, como O Globo de hoje, mostra que as páginas e imagens televisivas quase sempre tem mostrado como se fosse da PM a iniciação da violência, que geralmente parte dos tais "manifestantes" – É, aliás, o que percebem, em seus Observatórios da Imprensa pessoais, pessoas comuns, de psicanalistas e engenheiros a porteiros e garçons dos pés-sujos da rua do Riachuelo – gente mais ligada em sua própria percepção e consciências individuais (e em sua necessidade diária de ganhar o pão de cada dia) do que em ser legal.

Só mais um Silvas que a estrela não brilha, como os atendentes de lanchonetes apedrejados por milicianos mascarados em 12 de agosto e a designer cujo ônibus só não foi incendiado um mês antes, no Flamengo graças à ação... da PM. Tem culpa eu? Quem quiser achar que ache, que eu não escrevo para agradar ninguém.

Segue agora a postagem anterior:

Das organizações Globo, o que, felizmente, foi muito mostrado e o que, infelizmente, não foi.

"Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo"

"O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida"

São interessantes os comentários, de dois jornalistas, em um postagem de outro no Facebook. O primeiro diz tudo – exceto pelo fato de o pedreiro estar desaparecido, não havendo confirmação de assassinato. No segundo, me parece claro que o autor se referiu à "imprensa vendida" de forma irônica, negando a acusação, embora não tenha posto o termo entre aspas.

*(Legenda no final do texto)

O vídeo em questão foi gravado e publicado pelo site do jornal O Globo, das Organizações Globo, que muito frequentemente vêm sendo atacadas e tendo seus profissionais xingados, agredidos e ameaçados pelos milicianos de cara encapuzada (ou nem isso) em suas manifestações pacíficas de pedradas, pauladas e coquetéis molotov.

Suas imagens mostram um policial com um morteiro na mão antes de abordar um militante, na Cinelândia, após a votação do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal carioca. Em seguida, mostram o mesmo PM deixando o morteiro no chão, enquanto a mochila do então suspeito é revistada. Após a revista, o mesmo PM sai empunhando um morteiro, o qual apresenta como suposto flagrante, após ele e outro colega de farda darem ordem de prisão ao mochileiro

A sequência não mostra o PM pegando de volta o morteiro que havia jogado no chão, mas é possível vê-lo – atrás de um cameraman aparentemente também militante – se abaixando durante a revista, na qual não é mostrado nenhum morteiro e nenhuma outra arma sendo encontrada na mochila. Se as imagens não podem confirmar 100% que ele forjou o flagrante, deixam muito próxima essa constatação, completada depois pelo fato de o rapaz não ter sido indiciado, o que certamente teria sido, caso portasse explosivo – combinação de prova material com circunstancial.

O Globo fez muito bem ao dar o furo sobre a conclusão do inquérito, no que pese a dúvida, trazida a mim por outro jornalista, sobre uma indicação de tortura por asfixia sem cadáver para exame de corpo de delito. Como fez muito bem também ao gravar e publicar o vídeo e mostrar a todos uma postura péssima da PM, que não é novidade.

Mas a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. É da natureza dos homens-massa que usam o termo odiar a imprensa que consideram "vendida": ou seja, que não publica só e exatamente o que o partido ou movimento deles quer que seja publicado – é o que seus ídolos chamam de "democratização da mídia", em uma realização da novilíngua com cuja perfeição Orwell não conseguiria nem sonhar, mas que os socialistas realizam. É a "democracia" de partido único e jornais somente os aprovados (aliás, escritos) pelo partido – que chama a si próprio de "povo" (não por acaso, tais militantes tentaram cassar indiretamente o voto do povo carioca, impedindo o trabalho de vereadores democraticamente eleitos por todos).

O vídeo do Globo, felizmente, foi compartilhado inúmeras vezes. Essa outra notícia é de uma repórter da rádio CBN, das mesmas organizações Globo, que foi xingada, ameaçada e que não só foi agredida covardemente por um bando de milicianos socialistas que se atribuem a primazia de decidir quem pode ou não trabalhar em um espaço público porque, dessa vez, a PM fez a coisa certa e não permitiu que uma pessoa fosse atacada por uma bando. Esas, infelizmente, foi muito pouco compartilhada.

*Legenda: contra esse pacífico manifestante na foto de Silvia Izquierdo, da Associated Press, nem a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, nem a Comissão de Direitos Humanos – cujo presidente, Wadih Dahmous, homenageou o corruptor José Dirceu – disseram nada.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Inteiro – e não pela metade

Das organizações Globo, o que, felizmente, foi muito mostrado e o que, infelizmente, não foi.

"Interessante: o vídeo foi veiculado na tal da "imprensa vendida". Assim como o furo sobre o assassinato do Amarildo"

"O vídeo é bom pra mostrar como age a polícia e pra acabar com essa palhaçada de imprensa vendida"

São interessantes os comentários, de dois jornalistas, em um postagem de outro no Facebook. O primeiro diz tudo – exceto pelo fato de o pedreiro estar desaparecido, não havendo confirmação de assassinato. No segundo, me parece claro que o autor se referiu à "imprensa vendida" de forma irônica, negando a acusação, embora não tenha posto o termo entre aspas.

*(Legenda no final do texto)

O vídeo em questão foi gravado e publicado pelo site do jornal O Globo, das Organizações Globo, que muito frequentemente vêm sendo atacadas e tendo seus profissionais xingados, agredidos e ameaçados pelos milicianos de cara encapuzada (ou nem isso) em suas manifestações pacíficas de pedradas, pauladas e coquetéis molotov.

Suas imagens mostram um policial com um morteiro na mão antes de abordar um militante, na Cinelândia, após a votação do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal carioca. Em seguida, mostram o mesmo PM deixando o morteiro no chão, enquanto a mochila do então suspeito é revistada. Após a revista, o mesmo PM sai empunhando um morteiro, o qual apresenta como suposto flagrante, após ele e outro colega de farda darem ordem de prisão ao mochileiro

A sequência não mostra o PM pegando de volta o morteiro que havia jogado no chão, mas é possível vê-lo – atrás de um cameraman aparentemente também militante – se abaixando durante a revista, na qual não é mostrado nenhum morteiro e nenhuma outra arma sendo encontrada na mochila. Se as imagens não podem confirmar 100% que ele forjou o flagrante, deixam muito próxima essa constatação, completada depois pelo fato de o rapaz não ter sido indiciado, o que certamente teria sido, caso portasse explosivo – combinação de prova material com circunstancial.

O Globo fez muito bem ao dar o furo sobre a conclusão do inquérito, no que pese a dúvida, trazida a mim por outro jornalista, sobre uma indicação de tortura por asfixia sem cadáver para exame de corpo de delito. Como fez muito bem também ao gravar e publicar o vídeo e mostrar a todos uma postura péssima da PM, que não é novidade.

Mas a "palhaçada da 'imprensa vendida'" não vai acabar. É da natureza dos homens-massa que usam o termo odiar a imprensa que consideram "vendida": ou seja, que não publica só e exatamente o que o partido ou movimento deles quer que seja publicado – é o que seus ídolos chamam de "democratização da mídia", em uma realização da novilíngua com cuja perfeição Orwell não conseguiria nem sonhar, mas que os socialistas realizam. É a "democracia" de partido único e jornais somente os aprovados (aliás, escritos) pelo partido – que chama a si próprio de "povo" (não por acaso, tais militantes tentaram cassar indiretamente o voto do povo carioca, impedindo o trabalho de vereadores democraticamente eleitos por todos).

O vídeo do Globo, felizmente, foi compartilhado inúmeras vezes. Essa outra notícia é de uma repórter da rádio CBN, das mesmas organizações Globo, que foi xingada, ameaçada e que não só foi agredida covardemente por um bando de milicianos socialistas que se atribuem a primazia de decidir quem pode ou não trabalhar em um espaço público porque, dessa vez, a PM fez a coisa certa e não permitiu que uma pessoa fosse atacada por uma bando. Esas, infelizmente, foi muito pouco compartilhada.

*Legenda: contra esse pacífico manifestante na foto de Silvia Izquierdo, da Associated Press, nem a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, nem a Comissão de Direitos Humanos – cujo presidente, Wadih Dahmous, homenageou o corruptor José Dirceu – disseram nada.

Não feche a Rio Branco

Uma péssima ideia do prefeito do Rio, Eduardo Paes, passou quase livre de críticas no início desse ano. Para simular um boulevard parisiense, ele pretendia fechar a maior parte da avenida Rio Branco, uma das principais do Centro, é larga, com fluxo de tráfego até bom para o volume de veículos que passam.

Se ninguém reclamou de um palpite claramente tão infeliz, hoje não falta quem dê pitaco sobre leis complexas e, por linhas tortas, imponha o sonho do prefeito de forma ainda mais tortuosa à população, sob o pretexto de um protesto contra o próprio Paes.

Desde as Jornadas de Junho – apelido cafona a eventos idem –, a Rio Branco já foi fechada ao menos 17 vezes, sem o calçadão e as árvores idealizadas pelo prefeito. Os adereços são de vidro (estilhaçado), pedras e fogo em lixeiras (além de tudo, são porcos).

O pano de fundo da vez é o Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal. Todos os manifestantes que o atacam o estudaram a fundo. Os vereadores que aprovaram o plano foram eleitos, mas os protestantes é que representam “o” povo – não os votos de cada um. A violência parte sempre e só da PM, criticada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), futuro rival de Cabral, parceiro de Paes, pelo Governo estadual em 2014 mas a motivação do ato não é política.

Com tantas máscaras cobrindo identidades reais, só espero que Paes desista. Não do plano – que, ao contrário dos ungidos militantes, teria que estudar muito mais para cravar “bom” ou “ruim” – mas de fechar a Rio Branco.

(Publicada hoje, 2 de outubro de 2013, no jornal Destak)

<h1>Viagem ao fundo do Rio</h1>

Dentro do país vindo de sua pior queda de PIB (7,2%) e empregos (3,5 milhões) em dois anos, o estado com piores déficits nesses anos (R$...