terça-feira, 3 de junho de 2014

Festa na Papuda

Hoje é festa lá no CPP. Sem Barbosa, batem outra vez com esperanças os corações dos mensaleiros de saírem da cadeia antes do prazo legal. Já vai terminando a gestão do presidente do STF que, em tal cargo, não poderia capitular ante ameaças que, segundo amigos, aceleraram sua saída. Serviram, porém, para mostrar o caráter duplo da militância que se diz “pelas minorias” e usou insultos racistas tão logo Joaquim podou asas dos bons companheiros.

As gentilezas foram de “capitão do mato” (NR: negro que caçava escravos foragidos) a “negro vadio” que “a Dilma deveria (...) meter ele numa cadeia”. Para se ter uma ideia, o Ministério Público investigou a Fifa por suposto racismo – devido a cogitar Lázaro Ramos e Camila Pitanga como apresentadores do sorteio de grupos da Copa, mas optar pelo casal Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert, com os quais já havia trabalhado –, mas não moveu uma palha contra a campanha racista difamatória dos seguidores dO Partido. A Seppir – secretaria da Presidência, com status de ministério – também não fez nada, claro, tal como o movimento negro ligado ao PT. Racismo contra os inimigos pode.

A tese mais repetida pelos fãs de corruptores, para os quais Barbosa já vai tarde do STF foi a de que ele teria condenado o deputado cassado José Dirceu (PT-SP) – por quem a galera companheira mais violenta tem verdadeira tara – baseado somente na Teoria do Domínio do Fato, isto é: sabia do que ocorria, estando em posição de liderança.

É tão verdadeiro quanto a vasta cabeleira do corruptor Dirceu. Felizmente, como relator do julgamento do mensalão, Barbosa não deixou passar que o então ministro-chefe da Casa Civil de Lula participou diretamente das negociações para a obtenção de empréstimos pelo publicitário Marcos Valério, para bancar o mensalão – compra de apoio parlamentar para o governo de então.

Ou, como Rogério Gentile encarnando, na “Folha”, o espírito de boi sonso de seus fanzocos, “não existem tantas provas contra Dirceu. É só uma grande coincidência, por exemplo, ele ter se reunido com Valério e dirigentes do BMG num dia e o banco ter liberado recursos para o mensalão dias depois”.

A saída de Barbosa embala o decreto presidencial que impõe conselhos “populares” (de militantes) aos órgãos públicos e o anúncio do PT de que buscará regular a mídia, revogar a anistia e reformar a política, a partir de 2015. O poder “normal” não é suficiente, para quem diz que “não vale nossos governos indicarem ministros do Supremo, e eles chegarem lá e votarem contra” – o senador petista Jorge Viana (AC), deixando claro o plano de tornar o Judiciário um apêndice do partido.

Na semana passada, meu amigo Márvio dos Anjos, diretor editorial do Destak, indagou se valeria manter a Lei da Anistia, sem julgar casos como o de Rubens Paiva? Lembrando que ela perdoou crimes tão brutais quanto da esquerda que só visava a outra ditadura, sim. O contrário será submeter a lei ao triunfo da vontade de quem está no poder – vide agora o Egito.

Aí, vale tudo o que lhes favorecer, como mostra o mimo desse integrante da comissão de ética do PT-RN: “Contra Joaquim Barbosa toda violência é permitida, porque não se trata de um ser humano. Ele deve ser morto”.

(Ampliada da coluna publicada hoje, 4 de junho de 2014, no jornal Destak. Acréscimos ao original impresso em itálico).

Servolo se escondia sob o codinome Antonio Granado.

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