O IBGE calculou o menor desemprego no país em outubro desde 2002, e os 5,2% informados acalentaram os devaneios de “único grande país com pleno emprego” tuitados por Dilma Rousseff. Tão genuína quanto um “princípio de (sic) infarto”, tal plenitude bate de frente com as medidas de Guido Mantega para reduzir os gastos com o seguro-desemprego, não encontra respaldo mais nem no pleno otimismo do Ipea de Marcelo Néri e leva a própria presidente a admitir ser “óbvio que alguma coisa não está certa”.
O recuo no discurso, porém, veio seguido de um “vamos modificar isso”, como se o velho mantra da vontade política mudasse fatos, no triunfo do desejo de Dilma. Só que, também em outubro, a taxa de pessoas ocupadas foi a menor desde 2009, quando os efeitos da “marolinha” de 2008 ainda alagavam a economia.
Como o desemprego oficial cai ao mesmo tempo em que há menos gente trabalhando? Isso ocorre porque a taxa se baseia nas procuras por emprego. Quando pessoas param de procurar trabalho, elas param de ser computadas nas estatísticas.
Nos últimos 12 meses, a população ocupada caiu em 87 mil. Os jovens, de 15 a 24 anos são 46% dos desempregados no país, e a chance de continuarem sem trabalho é três vezes maior. Em vez de cortar encargos que dobram o custo do emprego, mas são invisíveis a quem não os banca, o governo “protege” os jovens com meias entradas e o preço do ônibus que se vê na passagem, não o oculto, no subsídio que todos pagam.
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