Q uem poderia supor, há um ano e dois meses, a que ponto a cidade turvaria? Fechamento sistemático de ruas e as depredações de “manifestantes” que não se importam em arriscar a integridade física de trabalhadores e passageiros de ônibus são encarados como quase naturais por moradores do Rio de Janeiro. Cariocas planejam trajetos com antecedência para evitar os bondes dos sujeitos que agem em bando e com o rosto escondido. E com PMs mais hábeis em arder os olhos de quem nada tem a ver com a questão do que em prender os culpados.
Em junho de 2012, durante a Rio+20 escrevi aqui sobre a “Marcha contra o direito de ir e vir” (migre.me/fOEju).A CET-Rio ainda pedia “paciência” aos reféns dos engarrafamentos da Marcha das Mulheres, cuja organizadora Adriana Messali alegou ser “preciso ocupar as ruas para a cidade perceba a luta dos movimentos sociais”.
“Dá medo quem acha que as pessoas são obrigadas a parar para ouvir suas palavras de ordem. Ainda mais em bandos, o que eleva o autoritarismo às mais altas potências”, escrevi. Sem precisar ser a Mãe Diná, eis o resultado. Um ano depois, ao aceitar que militantes barrem mobilidade alheia, a violência cresce, pois, como disse David Hume, “raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez”. Resta torcer para não vingar a previsão de Demétrio Magnoli, que compara o momento atual aos primórdios do grupo terrorista alemão Baader-Meinhoff.
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