terça-feira, 10 de setembro de 2013

E aí Caê, foi bom para você?

O Haiti é aqui? No número absoluto de homicídios de jornalistas, estamos ainda pior: Brasil 3 x 1 no 1º trimestre, mas a torcida organizada cujo uniforme Caetano Veloso vestiu parece ser daquelas que só se satisfaz com goleada.

Ao menos, parecia ser este o sentido do misto de câmera e comentarista, ao questionar um repórter por estar “arriscando a vida pela Globo”, ao narrar, para a já queimada Mídia Ninja, a expulsão dele de um local público por covardes que, em bando, chutavam um cara só. Tratava-se do desfile militar pelo Dia da Independência, na avenida Presidente Vargas, Centro do Rio de Janeiro e do repórter Júlio Molica, da Globo News, sozinho, sendo agredido por um grupo desses caras que acham valentões, mas agem em bando contra um ou dois.

Seu pai, o premiado repórter investigativo Fernando Molica já fez um bom resumo a sucessão de asneiras desses “meninos mimados e violentos que não suportam o contraditório, que não admitem ser contrariados” e também lembra do último repórter que perdeu a vida trabalhando pela Globo, seu então colega Tim Lopes, em 2002, assassinado por traficantes no complexo do Alemão. (1)

Será que Caê curtiu a festa da Mancha Preta, com mais de 22 sujeitos, alguns a chutar não uma bola, mas uma pessoa?

Na véspera, cobrira a cara, dizendo que “é uma violência simbólica proibir o uso de máscaras”. Referia-se à proibição de se cobrir a cara em manifestações, como se fosse possível manifestar opinião própria apagando a própria existência de indivíduo. E nada disse da violência de “manifestantes”, covardemente tolerada, embora constante e já bastante conhecida difundida nos últimos três. E que não se limita a repórteres nem a veículos de imprensa.

Há um mês: 12 de agosto

Foi o caso, que contei aqui, de atendentes de lanchonetes, alvos de pedradas dos “manifestantes” sem que houvesse um PM por perto, em 12 de agosto, no Largo do Machado.

Encontrei-os, verdadeiros trabalhadores e vítimas de violência covarde, no ponto, esperando ônibus para a Penha, enquanto falavam, desolados, de como foram expostos às pedradas pela violência, dita “simbólica” dos ditos ‘anarquistas’ contra os “símbolos do capitalismo”, sem estar nem aí para as pessoas do outro lado da vidraça. O que importava naquela noite, para os mimadinhos homens-massa (em bando e sem mostrar a cara, é claro), era causar...

Há dois meses: 11 de julho

Também foi o caso de uma designer cujo ônibus justiceiros sociais mascarados só não incendiaram porque a PM chegou, em 11 de julho, no Flamengo. Sofia voltava do trabalho, à noite, quando o veículo em que circulava foi cercado, na rua Senador Vergueiro, por um grupo de criminosos.

Após queimar montes de lixo no meio de ruas, vindos do Palácio Guanabara, jogaram papel sob o ônibus e já se preparavam para atear fogo, com o claro intuito de incendiar o coletivo, o que, óbvio, colocaria em risco a vida dos passageiros todos. Foi quando o malvado Batalhão de Choque da PM chegou e impediu os manifestantes pacíficos de executarem sua manifestação tão pacífica. A imprensa “tradicional” não mostrou isso provavelmente porque nossa linda juventude (que a acusa de ter apoiado ‘A’ ditadura) já vinha decidindo quem podia ou não cobrir eventos públicos em espaços públicos – também por falta de pessoal suficiente para estar em tantos lugares, em meio à correria.

(o objetivo dos "manifestantes")

Já a Mídia Ninja, estando sempre junto das ‘manifestações’, como afirma, não mostrou porque não quis. (2)

Mas a PM isso-e-aquilo...

‘Ah, mas ela mostra a violência policial’... Que nesse espaço, nunca foi justificada. Pelo contrário, foi lembrada algumas vezes, mas nunca sob ótica caolha, nem com a encenação da ingenuidade suficiente para crer que, em contínua situação de tamanho estresse, a polícia poderia agir sempre como a Guarda Real inglesa.

Voltando ao Cateano, há até pouco tempo, ele mantinha o mérito de não se dobrar a patrulhas. Assim, não aderiu ao oba-oba lulopetista e disse a Fidel Castro que não aceitava ordens de ditadores.

Entre erros e acertos, trazia coragem intelectual, desde 1968, quando ao ser vaiado em um festival tocando com banda de rock (os então novatos Mutantes), “coisa de alienado”, “imperialista”, mandou ver à plateia:

“Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...) Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos” “Vocês são iguais sabem a quem? (...) Àqueles que foram na Roda Viva e espancaram o atores! Vocês não diferem em nada deles”.

Tinha toda a razão, mas hoje, talvez por querer voltar a ser visto como cool, depois ter sido até de "udenista" por mimados que não suportam ver o "cara" não ser idolatrado, mendiga o amor de uma “juventude” tão totalitária em política quanto a de 1968. Começou aderindo à infanto-juvenil ‘Primavera Carioca’ de apoio a Marcelo Freixo e seu Psol. Agora, e elogia a explicação de um simpatizante da filosofia Black Bocó sobre o “sentido de certos atos violentos”.

Para ser amado, talvez se encantasse até com o discurso social do Elias Maluco. (3)

Faixas-bônus

p>(1) só escorrega, travada a mente na ideologia, ao dizer que os mesmos reproduzem o comportamento de “militantes de extrema direita”, quando tais práticas sempre foram até mais abundantes na extrema esquerda, especialmente quando lembramos que nazismo e fascismo são vertentes do socialismo.

(2) Tem mais: 27 de junho Falando em ônibus, antes disso, em 27 de junho – naquela passeata de centenas de milhares pela qual tantos crentes se encantaram e da qual se orgulharam de participar (enquanto um carro do SBT era queimado em frente à prefeitura), um fotógrafo conhecido dos tempos de faculdade foi espancado por um grupo de... ‘manifestantes’ após pedir que eles não apedrejassem um coletivo que estava parado pela concentração de pessoas na mesma Presidente Vargas, cheio de passageiros que poderiam se machucar.

Sozinho, foi espancado por um bando e teve afundamento de crânio. Escapou por sorte de sofrer sequelas. Apesar disso, continua curtindo o “movimento das ruas” e tem todo o direito à opinião que quiser – o que, no entanto, não muda o fato ocorrido.

E isso sem contar os PMs espancados no Rio e em São Paulo – este, logo em uma primeira passeata do já até meio esquecido MPL (Movimento Passe Livre), em 11 de junho, já há três meses.

("manifestantes" atacam PMs, um dos quais viria a ser espancado, mas os policiais é que são truculentos e os jovens, o sal da terra)

(3) Para quem não fez o link, trata-se do assassino de Tim Lopes

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