O Facebook não aceitou meu primeiro sobrenome (achou que era fake...), mas registrou qualquer imbecil com sobrenome “Guarani-Kaoiwá”. Depois dessa, o novo atestado de indigência mental no “feice”, como disse Luiz Felipe Pondé, agora é pôr, no lugar da foto, uma placa de “proibido virar à direita”.
Vai ver, isso influenciou a galera do bem que identificou como a mesma pessoa os sujeitos de duas imagens com blusas pretas e estampa branca, pois proibiram seus olhos de virarem à direita para ver onde estava o desenho na roupa do cara que parecia começar a tirá-la junto a alguns PMs. na segunda-feira, 22 de julho.
Ele seria o, segundo eles, P2 (agente do serviço reservado da PM, que trabalha à paisana) que, minutos antes, é destacado em um vídeo jogando um coquetel molotov, ou algo do tipo, em policiais na rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras (zona sul do Rio), em frente à sede do Fluminense FC e perto do Palácio Guanabara, sede do governo, onde o papa Francisco acabara de ser recebido pelas autoridades locais, como o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes.
No vídeo, os militantes que só se viram à esquerda e adorariam proibir o movimento oposto começam a gritar “P2!, P2!”, identificando o fogueteiro como policial infiltrado com base testemunhal e documental no volume histérico de seus berros.
Em seguida – em uma sequência descontinuada da primeira imagem separada em frame –, uma mulher, bem longe da pessoa que viria a ser mostrada, grita para algum outro militante, que parece estar do lado dela, do lado focalizar o, segundo eles, P2, que caminha em sentido ao cerco policial, junto ao campo do Fluminense FC, e, pouco depois, tira a camisa: http://www.youtube.com/watch?v=7kkgK9eY7Lo
Dia seguinte:
“18:10 ah, esse é o video que nego ta compartilhando como se fosse a PROVA CABAL de que um infiltrado jogou coquetel molotov?
serio?
nao a pra ver PORRA NENHUMA
isso num tribunal nao ia nem ser considerado como prova
o juiz ia rir da sua cara (...)
pra achar que da pra ver algo
nem forcando muuuuito a barra”
A fala acima é a reação espontânea de um amigo meu, após assistir o vídeo. Também é o óbvio, para qualquer um que não troque a simples análise do que (não) é possível identificar visualmente pelo triunfo da vontade revolucionária.
(PS: posteriormente, um perito – e nem precisava ser – teve a mesma conclusão que o meu interlocutor: http://oglobo.globo.com/rio/homem-que-lancou-coquetel-molotov-em-pms-nao-seria-mesmo-que-aparece-entre-policias-diz-perito-9162343)
‘ARTICLE COVER IMAGE’
Pouco depois, mostrei ao mesmo amigo essa pretensa reportagem e fiquei de lhe mostrar a foto depois.
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“ 19:24
João Bandeira de Mello
Brazil - Extra, Extra! BRAZILIAN POLICE FORCE LIES AND VIDEOTAPE Rio's protests after the Pope's first visit (…) it's not every day that you have undercover cops starting the chaos by throwing Molotov cocktails from the middle of the crowd into their own riot police, and make it appear it was done by the protesters... All caught on tape.
(…)
For pics see album title: Brazilian Police-Force Lies and Videotape
Article cover image: Undercover agent after infiltrating protests runs away while pulling off his shirt.
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19:25
João Bandeira de Mello
Depois, te mando a foto”
(postagem inteira, para quem tiver saco:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=549437578425802&set=a.538240216212205.1073741828.538151609554399&type=1&theater)
O ponto em si, porém, está na seguinte observação do pretenso repórter, com seu inglês ruim, segundo observação do meu amigo:
“Article cover image: Undercover agent after infiltrating protests runs away while pulling off his shirt
Se a foto, que vale a pena ver de novo, prova algo é a completa falta de critério (ou de raciocínio lógico) de quem associou as duas pessoas como a mesma por causa da roupa. Qualquer um é capaz de ver, claramente, que o homem destacado no vídeo veste uma blusa com uma estampa bem no centro de frente dela, enquanto o fotografado juto aos PMs veste outra blusa, também preta, mas com estampa do lado direito, inclusive passando pela manga (da qual a estampa da roupa do atirador não chega nem perto).
Quer dizer, pensando bem, não é qualquer um que é capaz de ver não. Quem acha que é (ou deveria ser) proibido virar à direita não vai se permitir olhar o que está do lado maldito.
No rol desses, parece estar o New York Times, aquele jornal onde quem fala “menas” vira colunista e que deu aval, como suposta possível prova, até à imagem a uma terceira estampa, diferente das duas outras.
Obs.: outros dois amigos me mostram que não fui o único a perceber esse óbvio ululante:
http://heliofernandes.com.br/?p=70412
“PS – São patéticas as imagens do suposto P-2 (agente secreto da PM) que teria lançado o coquetel. Uma forçada de barra ridícula. Se era um policial infiltrado, é claro que estaria com a camiseta do grupo de vândalos, para poder se misturar a eles.
Vejam os vídeos que supostamente mostrariam o PM P-2 infiltrado jogando o coquetel molotov…
http://youtu.be/7kkgK9eY7Lo
http://youtu.be/0vEnToPyex8
Vejam agora a foto do PM, antes de tirar a camiseta, e notem que a estampa não fica no centro da camiseta, mas do lado direito, inclusive sobre a manga. Ou seja, ele não é o lançador do coquetel molotov. Mas os adeptos da “teoria da conspiração não sossegam”.”