A líder do Movimento Passe Livre não é Deus, mas escreve certo por linhas tortas ao apontar “falta de preparo” da Presidência sobre transportes. Óbvio. Se Dilma Rousseff tivesse preparo jamais teria recebido no Planalto o grupo que tornou a população refém de suas passeatas tranca-rua em que vandalismo e violência foram praxe, não exceção.
No país das maravilhas do MPL, o transporte é um “direito social e que deve ter um controle social” e “tarifa zero”. Só que não há transporte grátis, só a camuflagem do preço nos impostos, fazendo pobres pagaram passagem (alheia) mesmo se foram a pé ao trabalho.
Falando neles, basta circular pelos subúrbios do Rio para ver, nas inúmeras vans e kombis, que foi a iniciativa privada, sem concessão do Estado, que atendeu à demanda do povo por melhor transporte – o que o MPL tenta, já com apoio da Câmara dos Deputados, é tornar total o monopólio estatal, que nunca atende a demanda nenhuma das pessoas comuns.
Crer que isso mudará por vontade política tão lógico quanto crer em melhora via reforma política proposta por quem está no poder. Ou via Constituinte quando, ao contrário dos anos 80, o Brasil não sai de um período ditatorial. Em um regime democrático, alterar casuisticamente a Constituição serve a fins como os alcançados em países que fizeram isso recentemente, como Bolívia Venezuela: inflação, criminalidade e cerco a instituições fundamentais à democracia – estatais, como o Poder Judiciário, ou não, como a livre iniciativa e a imprensa.
Quando a nova interlocutora da presidente fala em “controle social”, ainda que de outro setor, estatal, e manifestantes gritam “culpem a imprensa” enquanto ensaiam uma saudação com o braços estendidos no ar, vale lembrar do mandamento de que “os jornais que colidirem com o interesse geral devem ser interditados”. Ele foi dado há exatos 80 anos, na Alemanha, pelo Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores. Em “Hitler e os Alemães”, Eric Voegelin aponta que sociedade alemã da época possibilitou a ascensão daqueles lá. Não se trata de ver o mesmo no Brasil, mas, quando um terço dos entrevistados pelo Ibope considera depredações aceitáveis para determinados fins, o apoio dos brasileiros a alguma forma de totalitarismo não parece tão distante assim.
(Publicada em 26 de junho de 2013 no jornal Destak)
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