Quando cobri as eleições em 2010, o governador Sérgio Cabral (PMDB) candidato à reeleição virou duas vezes para a candidata a presidentA Dilma Rousseff (PT) falando para ela não responder minha pergunta de então (está gravado).
Por quê? Não sei dizer ao certo, mas, por exemplo... quando, em um ato de campanha com o Picciani, candidato ao Senado pelo PMDB, Cabral não citou o nome do outro candidato da coligação, Lindbergh Farias (PT), que acabaria se elegendo, perguntei a ele por quê. O governador virou e foi embora, sem me responder. Mais tarde, a assessoria de imprensa dele mandou uma nota de resposta – que, ao vivo, ele não dera.
Um mês antes, mostrei, sozinho, que a Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro) informou à criançada da Rocinha que faria uma aula extra de natação no Complexo Esportivo da favela em uma segunda-feira – dia de manutenção da piscina – só para servir de cenário para um vídeo de campanha da Dilma. Funcionários estaduais, pagos com dinheiro público, trabalharam na prática para a campanha da futura presidentA, aliada do já governador.
Falando em complexos esportivos, um ano antes, em Manguinhos, favela braba da zona norte carioca, o mesmo Cabral chamou gentilmente de "otário e sacana" o menino Leandro de Paula, que reclamava da atividade da PM na rua dele – na dele mesmo, não na do governador.
O mesmo garoto também pediu a Lula (PT) uma quadra de tênis no parque esportivo de Manguinhos, ao que o então presidente respondeu-lhe, com toda a sua bondade, dizendo que "tênis é esporte da burguesia" e disse que ele fizesse natação. Informado de que a piscina vivia fechada, "o cara" ficou preocupado e recomendou cuidado, não por zelar pelo uso efetivo dela, mas por uma possível repercussão negativa, caso tudo saísse na imprensa. Curiosamente (aliás, nem), nada disso desencadeou nenhum protesto na época, há três anos.
Sozinho, Leandro expôs Cabral e Lula (eu, um pouquinho, quanto ao uso privado e partidário do público na campanha em comum deles) sem se juntar nenhum bando para berrar palavras de ordem, ameaçar e revogar, na marra, o direito de ir e vir de ninguém – muito menos se fazer de vítima – como ocorre hoje. A diferença é que, como diz o Lobão, o frouxo unido jamais será um indivíduo.
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